Pergunta:
Solicito a vossa preciosa ajuda no esclarecimento do processo de formação da palavra interesse (nome).
Pode ser nominalizaçao deverbal? Ou derivação não afixal, dado que tem origem etimológica em inter esse (latim)?
Muito obrigado.
Resposta:
Do ponto de vista morfológico, o nome interesse pode ser ambíguo, pelo menos, no quadro do Dicionário Terminológico, que, em Portugal, é o documento orientador da descrição linguística e gramatical no contexto dos ensino básico e secundário.
No caso de interesse, é difícil determinar a direcionalidade da derivação: se do nome interesse para a formação de interessar (e, assim, seria um derivado por sufixação, embora estudos mais avançados considerem que se trata de um caso de conversão1); se de interessar para interesse, palavra que, nesse caso, seria um derivado não afixal.
No entanto, o facto de interessar ter uma leitura causativa («causar interesse», «fazer com que alguém tenha interesse»), à semelhança de outros verbos derivados de nomes, adjetivos e advérbios – por exemplo, pregar (de prego: «fazer com alguma coisa fique segura/presa com pregos»), livrar (de livre: «fazer com alguém fique livre»), adiantar (de adiante: «fazer com que alguma coisa se apareça antes») –, permite considerar que interesse não é palavra derivada, mas, sim, derivante2
Trata-se, portanto, de um caso de análise complexa, que se presta pouco a exemplificar tipicamente a derivação não afixal no contexto escolar não universitário. Melhor será abordar palavras com análise menos problemática, por exemplo, nomes claramente derivados de verbos (deverbais): perda (de perder), recolha (recolher), troco (trocar...