Carlos Marinheiro - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
Carlos Marinheiro
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Carlos Marinheiro (1941–2022). Bacharel em Jornalismo pela Escola Superior de Meios de Comunicação Social de Lisboa e ex-coordenador executivo do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa. Colaborou em vários jornais, sobretudo com textos de análise política e social, nomeadamente no Expresso, Público, Notícias da Amadora e no extinto Comércio do Funchal, influente órgão da Imprensa até ao 25 de Abril.

 
Textos publicados pelo autor

Pergunta:

Gostaria de saber qual a maneira correcta de escrever a cor aproximada de magenta, uma vez que já ouvi dito de duas maneiras diferentes: "fuscia" e "fucsia". Gostaria de saber também a origem da palavra.

Grata pela atenção.

Resposta:

O Dicionário da Língua Portuguesa 2003, da Porto Editora, regista fúcsia, mas remete-nos para fúchsia (o termo considerado preferível). Diz que se trata de «cor-de-rosa forte levemente purpúreo», e a palavra vem «de L. Fuchs, botânico alemão, 1501-1566 + -ia». Em botânica, a palavra fúchsia é o mesmo que brincos-de-princesa, sendo este o termo preferível, nesta situação. Trata-se de «planta ornamental, da família das Enoteráceas, de flores pendentes avermelhadas ou cor-de-rosa».

O Dicionário Eletrônico Houaiss (brasileiro) também regista ambos os vocábulos, mas prefere fúcsia, e diz que é «tom de cor-de-rosa, forte, vivo e levemente purpúreo, próximo ao magenta, ger[almente] presente no cálice das flores dessas plantas». Na área das angiospermas, diz que é «design. comum às plantas do gên. Fuchsia, da fam. das onagráceas, que reúne 105 spp., 100 na América Central e do Sul, quatro na Nova Zelândia e uma no Taiti, arbustos em sua maioria, ger. escandentes, ou árvores com flores solitárias ou em corimbos, quase sempre campaniformes, grandes, vistosas, carnosas e pêndulas, com os lobos do cálice maiores que as pétalas e longos estames, e bagas vermelhas, ger. comestíveis; brinco-de-princesa, lágrima, mimo [Algumas têm uso medicinal, mas são esp. cultivadas por seu alto valor ornamental, com mais de 1000 híbridos e variedades, e as flores contêm fucsina, são mais globosas ou mais afuniladas e combinam uma, duas ou mais cores (branco, verde, azul, vermelho, roxo) ao tom de cor-de-rosa homônimo (fúcsia)]» ou «o mesmo que brinco-de-princesa» (também termo preferível).

Pergunta:

Qual é a origem etimológica da palavra açaimo? Sei que tem origem árabe, mas gostaria de saber mais informação.

Resposta:

O Dicionário Eletrônico Houaiss diz o seguinte: «orig. contrv.; para a Academia das Ciências de Lisboa, viria do lat. aciāmen, der. do lat. acĭa,ae, "fio grosso"; Nascentes prefere o ár. azimma, pl. de zimám, "correia atada ao anel que passa pelas ventas do camelo"; JM indica como etim. mais prov. o ár. as-samm(u), "nariz de ventas estreitas", donde o port. açaimo e as f. açaime, açame, açamo, decorrentes de flutuações na adp. do voc. ao port.»

O Dicionário da Língua Portuguesa 2003, da Porto Editora, regista açaimo, mas considera açaime o termo preferível, e diz que é de «origem obscura». Além disso, diz que é «aparelho de couro ou de metal que se põe no focinho dos animais para eles não morderem; freio».

Pergunta:

Qual é o conceito de anamnese?

Resposta:

Sem o contexto, sempre fundamental para uma resposta mais precisa, anamnese é «lembrança pouco precisa; reminiscência, recordação». Em filosofia, quer dizer «na filosofia platônica, rememoração gradativa através da qual o filósofo redescobre dentro de si as verdades essenciais e latentes que remontam a um tempo anterior ao de sua existência empírica». Em liturgia, é «na missa, oração que se diz após a elevação e que celebra a paixão, a ressurreição e a ascensão do Redentor». Na área da medicina, trata-se de «histórico que vai desde os sintomas iniciais até o momento da observação clínica, realizado com base nas lembranças do paciente». Finalmente, em retórica, é «simulação do orador que parece lembrar-se de coisas que teria esquecido, chamando, assim, atenção sobre elas». A palavra anamnese vem do «gr[ego] anámnēsis,eōs, "ação de trazer à memória, recordação"».

[Cf. Dicionário Eletrônico Houaiss]

Pergunta:

É correcto escrever «encontra-se a frequentar», ou deverá dizer-se «está a frequentar» mesmo num contexto mais formal, por exemplo, de envio de um ofício?

Obrigada.

Resposta:

Pode dizer-se das duas formas (mesmo em contexto mais formal): «encontra-se a frequentar» ou «está a frequentar».

Pergunta:

Qual ou quais os femininos de beirão, natural da Beira Alta ou Baixa?

Resposta:

O Dicionário da Língua Portuguesa 2003, da Porto Editora, diz que o feminino de beirão é beiroa.

O Dicionário Eletrônico Houaiss, além de beiroa, ainda regista beirã, embora indique que este feminino é «menos usado».