Pergunta:
Na frase «Cesário Verde foi dizer para a cidade de Lisboa...», o segmento «de Lisboa» desempenha a função sintática de complemento do nome ou modificador do nome restritivo?
Obrigada
Resposta:
O caso em apreço constitui uma situação particular associada aos nomes próprios.
O constituinte «cidade de Lisboa» é um grupo nominal constituído por um nome nuclear (cidade), que, neste caso, descreve a categoria da entidade referida e que permite incluí-la na toponímia (nomes de lugar, localidade). Este nome é seguido de outro, o nome próprio Lisboa, que contribui para individualizar a entidade referida e que, neste caso, é introduzida pela preposição de.
Como afirmam Raposo e Nascimento, «[p]ode-se, em princípio, propor que todos os nomes próprios, incluindo os canónicos, se caracterizam por ter um classificador descritivo da categoria ontológica a que pertencem, o qual é implícito no caso dos nomes próprios canónicos. […] Para os topónimos, o classificador implícito é o termo geral ‘lugar’, realizado frequentemente através de hipónimos como cidade, cordilheira, oceano, rio, vila […]”1.
Do ponto de vista sintático, estas construções não têm instrumentos de análise no ensino básico e secundário, pelo que se propõe que sejam vistas como estruturas inanalisáveis.
Disponha sempre!
1. Para mais informações, cf. Raposo et al., Gramática do Português. Fundação Calouste Gulbenkian, pp. 1015-1018;1037-1041.
NE – Para uma classificação que é válida no Brasil, mas não em Portugal, consultar as respostas sobre o conceito de «aposto especificativo», indicadas nos Textos Relacionados.