O jornalista angolano Rui Ramos, falecido em Lisboa, vítima de um AVC, aos 79 anos de idade, teve uma vida, pessoal e profissional, tão repleta quanto prematuramente diversificada.
Ativista anticolonialista desde a adolescência, em Luanda, que o levou até a dirigir um jornal liceal logo proibido pela censura colonial, preso político pela PIDE, durante três anos no Forte de Peniche, e depois pela DISA nos "anos brasa" pós-independência de Angola, em 1975.
Regressado a Portugal, trabalhou durante 10 anos no semanário Expresso, com colaborações regulares, também, na TSF, BBC e Rádio France, além de ter chefiado durante algum tempo o boletim em português África Confidencial.
Começou nessa altura a sua participação ativa no Ciberdúvidas, com respostas e outros textos relacionados com o português de Angola e as suas línguas nacionais — continuada com o regresso a Luanda. Passou a integrar os quadros do Jornal de Angola, desde 2013, sendo ultimamente o responsável da prestigiada página “Caminhos da Vida”.
Como jornalista mais antigo ainda no ativo em Angola, foi-lhe atribuído um papel relevante na formação de vários colegas mais jovens, cabendo-lhe ainda outra iniciativa notável, em vida: a dinamização de mais de uma centena de bibliotecas distribuídas graciosamente pelo interior mais recôndito de Angola¹.
Em 2020, foi-lhe atribuído o título de Cidadão do Ano pelo programa “Conversa à Sombra da Mulemba”.
O funeral realizou-se no Cemitério do Alto de São João, em Lisboa.
Os nossos mais sentidos pêsames à família e, em particular, aos dois filhos e netos..