♦ O neologismo é uma das características de qualquer língua, prova da sua vitalidade, às vezes espelho de alguma deriva. Há neologismos felizes, autorais ou decorrentes dessa misteriosa dinâmica que conecta os seus falantes, com mediações as mais variadas: de grupo, de campos semânticos os mais amplos, de intencionalidades eufemísticas ou disfemísticas, de enquadramentos temáticos onde visões do mundo, experiências múltiplas que se entrecruzam. O programa Língua de Todos, emitido na RDP África, na sexta-feira, 29 de outubro de 2021, pelas 13h20* (com repetição no dia seguinte, depois do noticiário das 09h00*), aborda os neologismos da nossa língua, mas do português falado em Moçambique. A linguista Inês da Machungo da Universidade Eduarde Mondlane fala das variantes, das lógicas próprias, conforme o meio cultural dos seus falantes, recombinações por vezes fulgurantes dos neologismos do seu país.
♦ O programa Páginas de Português, na Antena 2, no domingo, 31 de outubro de 2021, pelas 12h30* (com repetição no sábado seguinte, 6 de novembro, às 15h30*) incide no Prémio Camões 2021, que distinguiu a escritora moçambicana Paulina Chiziane, revelação da década de noventa com Balada de Amor ao Vento. Seguir-se-iam outros romances – Niketche, O Sétimo Juramento, O Alegre Canto da Perdiz –, onde a problematização do feminino, da violência, da procura de uma identidade africana e moçambicana, contribuiu para que a obra da autora, agora galardoada, tivesse adquirido sempre um pendor polémico, desarrumador e desafiante. A professora Ana Maria Martinho, membro do júri que neste outubro de 2021 atribuiu o mais alto galardão da literatura em língua portuguesa a Paulina Chiziane, debruça-se sobre o tema. Há ainda a crónica da professora Carla Marques, relacionada com o termo orçamento, dada a atualidade do chumbo do Orçamento de Estado, no parlamento português.
Cf. Um Prémi abençoado! + Paulina Chiziane: «No momento da guerra entre o preto e o branco, onde é que fica o mulato?»
* hora oficial de Portugal continental.