Assinala-se em 7 de julho de 2023 o centenário da morte do poeta, prosador, jornalista e político português Guerra Junqueiro (Ligares/Freixo de Espada à Cinta, 15 de setembro de 1850 - Lisboa, 7 de julho de 1923). O escritor e a sua obra são evocados por um conjunto de programas culturais que se desenrolam ao longo dos próximos meses no Porto, em Freixo de Espada à Cinta, em Lisboa e em Viana do Castelo.
Abílio Manuel Guerra Junqueiro, conhecido como Guerra Junqueiro, filho de um rico negociante e lavrador, fez os primeiros estudos em Bragança. O seu talento manifestou-se precocemente e, em 1864, era já autor de duas páginas do livro Lira dos Catorze Anos. Em 1866 ingressou no curso de Teologia da Universidade de Coimbra, cidade onde iniciou a sua carreira literária no jornal A Folha, dirigido pelo poeta João Penha. Em 1867, publicou o folheto Vozes Sem Eco, seguindo-se o livro Batismo de Amor, publicado em 1868, ano em que desistiu da vida religiosa e ingressou no curso de Direito da mesma universidade.
Durante o percurso de estudante universitário, Guerra Junqueiro participou ativamente na vida literária, num período de grande agitação, consequência do choque geracional entre os cultores do Romantismo e os do Realismo emergente, o qual culminou, em 1865, com a Questão Coimbrã. A poesia de Junqueiro incorpora e divulga as ideias materialistas, positivistas e evolucionistas, pelo que tem sido associada à poesia do Realismo português, em cuja estética e tendências a crítica também inclui Antero de Quental e Cesário Verde.
Uma grande parte das composições poéticas de Guerra Junqueiro está reunida no volume que tem por título A musa em férias, publicado em 1879. Neste ano também saiu o poemeto "O Melro", que depois foi incluído em A Velhice do Padre Eterno (edição de 1885), em cuja composição inicial, Os Simples, o autor esclarece que apenas pretende atacar os dogmas e o clero, e não os que têm fé, e proclama a sua própria ‹‹crença robusta»: «Mas também acredito, embora isso vos pese, / E me julgueis talvez o maior dos ateus, / Que no universo inteiro há uma só diocese / E uma só catedral com um só bispo – Deus.»
Quando se deu o conflito com a Inglaterra sobre o mapa cor-de-rosa, que culminou com o ultimato britânico de 11 de janeiro de 1890, Guerra Junqueiro interessou-se profundamente por esta crise nacional, escrevendo o opúsculo Finis Patriae, e a Canção do Ódio, para a qual Miguel Ângelo Pereira contribuiu com a música. Posteriormente, publicou o poema "Pátria", com uma imensa repercussão na época, contribuindo poderosamente para o descrédito das instituições monárquicas.
Além das fontes acima referidas nas hiperligações correspondentes, mais informação em:
"Guerra Junqueiro – um poeta a recordar n 1.º centenário da sua morte", blogue Ponte Europa, 07/07/2023
"Guerra Junqueiro, um grande poeta ofuscado por uma persona polémica", Público, 07/07/2023
"Guerra Junqueiro: poeta da pluralidade morreu há 100 anos", Jornal de Notícias, 06/07/2023
"O que resta da obra de Guerra Junqueiro 100 anos depois da apoteose?", Expresso, 070707/2023
"Nascimento de Guerra Junqueiro", e-Cultura.pt/Centro Nacional de Cultura (consultado em 07/07/2023).