Um Dedo Borrado de Tinta, título alusivo a quem assina com a impressão digital, é uma obra da autoria de Catarina Gomes e editada pela Fundação Francisco Manuel dos Santos em fevereiro de 2024. Narra a história de alguns habitantes da freguesia do Casteleiro, do distrito da Guarda, uma das freguesias de Portugal com maior taxa de analfabetismo, registando 41,5% em 2011, o que equivalia a 150 dos 365 habitantes.
Ao longo de aproximadamente 90 páginas, a jornalista e escritora retrata a vida e o quotidiano de uma amostra representativa de habitantes desta aldeia, muitos dos quais vítimas de «um tempo em que ao trabalho das crianças não se chamava trabalho infantil, chamava-se apenas trabalho», e que, por isso, não tiveram oportunidade de aprender a ler e a escrever.
O livro apresenta seis narrativas distintas. Nas de Horácio Bernardo Rocha, Olívia do Nascimento Almeida e Maria José Ferreira, verifica-se que compartilham a habilidade de escrever os seus nomes, embora Horácio e Maria José tenham frequentado a escola por um curto período, enquanto Olívia aprendeu a escrever o seu nome apenas aos 80 e reconheça o número 35, número que calça. Conta-se igualmente a história de Isabel Fortuna, que tem a seu favor saber ver as horas; e as de Conceição Camareira e Emília de Jesus Mota.
A estes e a tantos outros habitantes do Casteleiro vale-lhes Beatriz Costa Nabais, funcionária do posto dos correios. É a ela que recorrem sempre que precisam de decifrar uma carta e, por essa razão, são comuns as expressões «ir à Beatriz» e «ir à Bia».
Neste livro obra, conclui-se, não se contam apenas histórias, convidam-se também os leitores a considerar as implicações sociais e humanas do analfabetismo. É, pois, um alerta que nos leva a refletir e procurar medidas que mitiguem uma situação que é ainda realidade em Portugal.
Mais pormenores e curiosidades sobre a obra, ouvir a autora em Palavras Cruzadas.
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