A redundância do "há anos "atrás"", está visto, pegou de estaca. Começou por ser tique de linguagem. Depressa virou modismo generalizado entre políticos e comentadores televisivos. E, agora, até já foi adoptada por escritores… da moda. Dir-se-á que há tropeções na gramática bem mais lesivos para a língua portuguesa. Mas, convenhamos, o seu uso (e o seu abuso) não é propriamente o melhor certificado para quem fala em público com as responsabilidades acrescidas de ser primeiro-ministro… português1.
1 Aconteceu no último debate parlamentar sobre o défice das contas do Estado e, mais recentemente, na declaração sobre a acumulação de reformas com o ordenado de ministros de membros do seu Governo. Repetindo sempre que foi caso disso o "há anos atrás…" e o "há dias atrás…", não se sabe o que mais temer. Ou o primeiro-ministro José Sócrates se esqueceu, já, do que aprendeu nos bancos da escola sobre o sentido de passado do verbo haver ou, então, é aquele seu propósito de pôr os portugueses a falar inglês desde pequeninos que o leva à confusão com a expressão inglesa "... years ago".