Equívocos à volta do uso dos termos racionalização e racionamento (na medicação de doenças particularmente graves) e de devolução e reposição (de subsídios cortados). Com uma recomendação para o recurso – «intensivo, quando não obrigatório» – ao Ciberdúvidas. In jornal i de 29/09/2012.
(...) É consabido que o português é uma língua difícil e traiçoeira e, por isso, convém que quem a usa publicamente o faça com grande rigor. Duas situações recentes [em Portugal] são particularmente ilustrativas.
O Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida usou o termo «racionamento» ao referir-se a medicamentos para tratar doenças particularmente graves quando, na realidade, queria passar a ideia de racionalização. Dando de barato que racionamento tem um sentido na ciência e outro na linguagem comum, importa é usar termos perceptíveis para o cidadão comum.
Dias antes, já alguém se equivocara e falara da devolução de subsídios cortados quando, afinal, o que pretendia dizer era reposição, o que é substancialmente diferente.
A certa altura, não se percebe se estes equívocos são propositados ou casuais mas, se for este último caso, recomenda-se o uso do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, uma instituição tão útil como agonizante e a cuja situação o secretário de Estado da Cultura não foi indiferente. Agora, é recomendar o seu uso intensivo, quando não obrigatório.
Extrato do editorial do jornal i de 29/09/2012.