No melhor pano cai a nódoa e nem se pode dizer que tenha sido um deslize, uma vez que houve reincidência em dias e situações diferentes.
Aconteceu com um muito conhecido comentador de um canal de televisão português e, mesmo que de lapsos se trate, é inaceitável que diga "absteram-se" por abstiveram-se e "obteram" em vez de obtiveram.
É certo que são comuns os erros associados a verbos conjugados como aqueles que lhes deram origem, de que são exemplo os derivados de ter (como obter), de vir (como intervir), de ver (como rever), entre muitos outros.
A norma obriga – a cultura e a responsabilidade exigem – que esses verbos se conjuguem como o verbo de que derivam. Mas formas como abstiveram-se, obtiveram, interveio, intervier, reviram são apenas algumas das muitas frequentemente atropeladas.
Não duvido que o comentador utilize natural e correctamente a maior parte destas formas, que por vezes são verdadeiras armadilhas. Mas lá que caiu, caiu…
Já agora, muita atenção ao verbo reaver, derivado de haver e que na terceira pessoa é reouve e não "reaveu"… É que é mesmo caso para se dizer que… «a língua portuguesa é muito traiçoeira»!