A PÉROLA
«Alertado pela minha filha de 10 anos recuperei esta Vossa pérola para um post no meu blogue: «este ano já morreram cerca de 50 mortos». No "Público" de domingo (29 de Abril de 2007), Mundo, pág. 19.», escreve Sérgio Pinto Ribeiro, um leitor bloguista da cidade do Porto.
O reparo é pertinente.
«Este ano já morreram cerca de 50 mortos» — sem comentários.
O PÚBLICO errou.
A CONFUSÃO
«No artigo "Equipa(s) da casa" que Diana Ferreira escreveu na edição impressa (pág. 15) do "Público" de 30 de Abril de 2007 pode ler-se na primeira frase:
"Quem não acorreu ao Estádio do Bessa na noite de sábado, encontrou semelhante orgulho portista na Casa da Música. A razão é simples: a Orquestra Nacional do Porto (ONP) e o Coral de Letras — dois importantes símbolos para o público da cidade — contracenaram na Sala Suggia."
A correcção é a seguinte: «orgulho PORTUENSE» e não «orgulho portista». Erro crasso e, para uma portuense, grave.
«A ONP e o Coral de Letras da UPorto em nada estão ligados ao clube de futebol FCP», escreve Paula Brochado.
O reparo da leitora é pertinente.
Para o Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea (Academia das Ciências):
1 - Portista: diz respeito ou pertence ao Futebol Clube do Porto; é dirigente, jogador, adepto ou simpatizante desse clube desportivo.
Há, por outro lado, dicionários que não reconhecem a existência de "portista" (substantivo ou adjectivo);
2 - Portuense: é da cidade do Porto ou dos seus habitantes, diz-lhes respeito; é natural ou habitante dessa cidade.
O "Público" errou.
A GRANDE CONFUSÃO
«Que confusão!! Nos últimos tempos, como leitor relativamente atento, tenho vindo a notar cada vez mais pequenos "lapsos" no "Público". Não sei o que está a suceder, mas é um passo para um bom jornal de referência se tornar medíocre e sem nível ao nível de muitos outros.
Hoje (1 de Maio de 2007) ao ler o P2 um artigo com o título "Os homens ingleses gostavam de ler..." deparei com várias incorrecções que denotam falhas graves de quem o escreveu e depois na sua revisão.
A autora fala dos diferentes tipos de comportamento sexual na era "vitoriana". Supõe-se que estamos localizados no tempo, no séc. XIX, já que a rainha Vitória reinou de 1837 a 1901! Erro crasso, pois a autora quer referir-se ao século XVIII, ou seja de 1701 a 1800. No entanto, insiste em chamar este século de "oitocentista", talvez influenciada pelo número 8 romano! Obviamente, era setecentista o que lá deveria estar e vitoriano nunca poderia ser. No entanto aparece "há 300 anos" várias vezes o que levaria a pensar aproximadamente em 1707.
Perante estes dislates toda a credibilidade do artigo cai por terra! Os factos não parecem ser comprovados e existe uma enorme falta de cultura geral básica. Existe um facilitismo e simplificação excessiva que tem que ser combatido.
Já nem menciono a pintura escolhida para ilustrar o artigo - "La maja desnuda" de Goya (pintor espanhol), pintado entre 1797 e 1800, fim do século XVIII!! Não seria melhor escolher um pintor britânico desse século?», escreve José Paulo Andrade, um leitor do Porto.
Os reparos são pertinentes.
O artigo de Andréia Azevedo Soares contém erros históricos, erros de português e gralhas.
Eis mais dois exemplos:
1 - ERRO: O apelido da investigadora é escrito de várias formas;
2 - GRALHA (na introdução do texto!): "litaratura".
Solicitei esclarecimentos à jornalista.
«O leitor tem toda a razão. Usei erroneamente as palavras "vitoriano" e "oitocentista". O nome da autora Jenny Skipp também foi, por lapso, referido incorrectamente. Peço desculpa pelos erros», respondeu Andréia Azevedo Soares.
Nada a acrescentar.
Conclusão do provedor: o artigo peca por falta de profissionalismo, mas a jornalista não é a única responsável. O editor leu o texto e deixou passar tudo...
O "Público" errou.
A INCONSCIÊNCIA
«Na edição de hoje (1/Maio/2007), na página 12, li um artigo do Sr. José Bento Amaro que, entre outras coisas, dá as "receitas" para o fabrico de "bombas caseiras".
Acho lamentável que se corra o risco de induzir os jovens a fabricar as ditas "bombas".
Gostava de saber a sua opinião sobre este assunto", escreve Aníbal Marramaque Matos, um leitor do Porto.
Os reparos são deveras pertinentes.
Aquilo que está em causa é sobretudo a seguinte passagem: «os engenhos utilizados são quase todos eles idênticos: uma garrafa plástica de litro e meio cheia com XXXX XXXX (XXXX), ao qual se adicionam depois fragmentos de XXXX. O simples contacto das duas substâncias é passível de originar uma reacção que culmina numa explosão de alguma violência, podendo as lesões ser causadas através do XXXX que é projectado ou através dos fragmentos de XXXX (também há casos em que são utilizadas bolas de XXXX deste XXXX).»
Solicitei, portanto, um esclarecimento ao director do jornal.
«A passagem citada era desnecessária, pois neste caso concordo que é de evitar dar informações desse tipo. Tal como é desnecessário descrever como se faz um cocktail Molotov sempre que se cita a utilização de um», respondeu José Manuel Fernandes.
O provedor discorda do director: considero que "não é de evitar dar", mas recusar peremptoriamente publicitar nas páginas do jornal quaisquer informações precisas sobre a forma de produzir engenhos explosivos.
É informação irrelevante no plano jornalístico e pode revelar-se desastrosa (nos planos humano e material).
É verdade que esses dados circulam na Internet, mas nada obriga o "Público" a ser cúmplice.
POST-SCRIPTUM: «Quero felicitar-vos pela vossa luta pela liberdade de imprensa, não esquecendo colegas vossos, jornalistas do mundo, mortos em combate: com o vosso trabalho continuado de reportagens e artigos de opinião sobre esta matéria, todos eles continuam de alguma forma a contribuir para essa necessária e infindável luta. Acredito no poder da imprensa, num poder puramente cívico que procura, através da disponibilização e da partilha da informação e do conhecimento, construir um dia-a-dia e um amanhã mais positivos para todos. A liberdade de imprensa nunca será um tema esgotado, e nunca será de mais abordá-lo: conto com o "Público" nesta linha da frente planetária», escreveu a leitora Catarina Vilaça.
Nada a acrescentar.
*in Jornal "Público" de 6 de Maio de 2007