Atentemos nas seguintes frases:
(1) «Tufão 'Goni' arrasa as Filipinas causando danos e mortes»
(2) «A tempestade tropical Atsani [...] aproxima-se da ilha mais populosa».
O que têm em comum o título da notícia publicada na página tempo.pt e a frase retirada do subtítulo de uma notícia do jornal Público, ambas de dia 3 de novembro de 2020? O tratamento especial dado ao nome do tufão, que, no caso, nos é apresentado entre plicas, e ao nome da tempestade, que se encontra em itálico. Perante a duplicidade de tratamento dado ao nome do tufão e ao nome da tempestade, o leitor atento pode perguntar-se qual será, afinal, a forma correta. E a resposta é bem simples: nenhuma das duas formas apresentadas está correta.
A verdade é que, por vezes, podemos verificar que os nomes atribuídos a catástrofes naturais, como tempestades, furacões, tufões e ciclones, dados para facilitar a comunicação sobre a sua ocorrência, surgem na imprensa destacados ora entre plicas, ora entre aspas, ora em itálico. No entanto, carecendo o português de tradição consolidada destas formas de destaque em relação a estes casos, torna-se legítimo grafar o nome próprio de qualquer uma das catástrofes em referência de acordo com o procedimento habitual que se aplica aos nomes próprios, ou seja, com inicial maiúscula, realce suficiente para assinalar a proeminência do fenómeno natural1.
Reescrevamos, portanto, os exemplos acima, já sem plicas, aspas nem itálico a salientar Goni e Atsani:
(3) «O tufão Goni arrasa as filipinas causando danos e mortes»
(4) «a tempestade Atsani [...] aproximou-se da ilha mais populosa».
1 Comparando com outras línguas românicas, é também o recomendado pela Fundéu/RAE para o espanhol. Em italiano, a prática, pelo menos, apenas aponta também para a maiúscula inicial, sem outra marca («Il tifone Goni si sta abbattendo sulle Filippine [...]», La Repubblica, 01/11/2020). No francês, contudo, parece haver oscilações entre a ausência das formas de destaque e a presença delas.