O nosso idioma // O Português nos 8 países da CPLP
                                    O Instituto Internacional da Língua Portuguesa  
 e o legado de Gilvan Müller de Oliveira
                                    
                                
                                
                                    
                                
                                 «Criado em 1989 em 1989 na primeira reunião dos chefes de Estado de todos os países que adotam o português como língua oficial, [o IILP] é hoje o fórum para a gestão compartilhada de todos os aspectos da língua que sejam do interesse conjunto desses países.»
 «Criado em 1989 em 1989 na primeira reunião dos chefes de Estado de todos os países que adotam o português como língua oficial, [o IILP] é hoje o fórum para a gestão compartilhada de todos os aspectos da língua que sejam do interesse conjunto desses países.»
O português é uma língua em franca expansão no cenário internacional: vem crescendo o número de seus falantes como primeira e segunda língua e como língua estrangeira.
Não podemos dormir no ponto: essa conjuntura favorável está a exigir políticas mais articuladas e investimentos mais consistentes na promoção da nossa língua.
O Brasil não está ausente dessa promoção. Temos um bom exame de proficiência (o Celp-Bras) e o Itamaraty mantém no exterior uma rede de Centros de Estudos e de leitorados universitários. Não temos tido, porém, condições de atender à crescente demanda porque nos falta um orçamento melhor.
Para continuar a conquistar espaço, o português precisa também de iniciativas conjuntas dos países que o tem como língua oficial. O instrumento para essas ações multilaterais é o Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), órgão da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
O IILP foi criado em 1989 na primeira reunião dos chefes de Estado de todos os países que adotam o português como língua oficial. É hoje o fórum para a gestão compartilhada de todos os aspectos da língua que sejam do interesse conjunto desses países.
Em 2010 e 2013, a CPLP realizou Conferências Internacionais sobre o Futuro da Língua. Delas emergiram dois Planos de Ação que orientam a sua promoção multilateral, estimulando seu ensino, sua presença nos organismos internacionais, na internet e nas atividades científicas; e difundindo a produção criativa em português.
Cabe ao IILP a tarefa de fomentar a realização dessas metas. Viveu, infelizmente, durante vinte anos em estado falimentar. Só em 2010, no Plano de Ação de Brasília, foram dados passos efetivos para consolidá-lo.
A atual direção do Instituto1, apesar de continuar a sofrer com problemas financeiros (o Brasil, por exemplo, está com três anuidades atrasadas), conseguiu estimular a criação das Comissões Nacionais em todos os países da CPLP e pôde igualmente viabilizar metas que lhe foram atribuídas na I Conferência.
Destas, vale mencionar a construção do Portal do Professor de Português Língua Estrangeira, plataforma virtual que oferecerá gratuitamente aos professores recursos didáticos produzidos por equipes de cada um dos países da CPLP. O projeto incorpora assim a diversidade do português sem descurar de sua unidade.
A maior iniciativa da atual direção do IILP é o Vocabulário Ortográfico Comum (VOC) previsto no Acordo Ortográfico de 1990. Para sua execução, o IILP assinou um convênio técnico com o Instituto de Linguística Teórica e Computacional da Universidade de Lisboa e com a Universidade Federal de São Carlos. E constituiu uma equipe de consultores com especialistas dos países da CPLP. O projeto já recebeu apoio financeiro do governo de Angola e do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua (Portugal).
O VOC já conseguiu, pela primeira vez na história da língua, unir numa só plataforma todas as bases léxico-ortográficas portuguesas e brasileiras. Só isso é um magno acontecimento. Há, contudo, mais: o projeto está promovendo a elaboração de Vocabulários Ortográficos Nacionais onde não havia. O de Moçambique e o de Timor-Leste estão prontos; e os demais em andamento.
Com o VOC, teremos à disposição não só uma referência comum e segura da ortografia, mas também novos acervos lexicais que permitirão enriquecer os dicionários da língua.
A gestão da ortografia é apenas uma das muitas tarefas que cabem ao IILP. Sua consolidação, meta hoje claramente assumida pela CPLP, contribuirá significativamente para garantir o futuro do português no cenário mundial.
  1 N.E. – Para tudo o que o IILP concretizou nos últimos anos, foi determinante a ação do seu diretor executivo Gilvan Müller de Oliveira (na foto, à esquerda), alvo de uma declaração de apreço no final da X Conferência de Chefes de Estado e de Governo da CPLP, realizada em Díli entre 18 e 23 de julho de 2014. Visto o mandato de Müller de Oliveira terminar em outubro de 2014, foi eleita em sua substituição, na referida cimeira, a moçambicana Marisa Guião de Mendonça, diretora da Escola Superiror de Contabilidade e Gestão de Línguas da Universidade Pedagógica de Moçambique.
1 N.E. – Para tudo o que o IILP concretizou nos últimos anos, foi determinante a ação do seu diretor executivo Gilvan Müller de Oliveira (na foto, à esquerda), alvo de uma declaração de apreço no final da X Conferência de Chefes de Estado e de Governo da CPLP, realizada em Díli entre 18 e 23 de julho de 2014. Visto o mandato de Müller de Oliveira terminar em outubro de 2014, foi eleita em sua substituição, na referida cimeira, a moçambicana Marisa Guião de Mendonça, diretora da Escola Superiror de Contabilidade e Gestão de Línguas da Universidade Pedagógica de Moçambique.
Outros textos do autor: aqui e aqui.
artigo publicado com o título original "O Instituto Internacional da Língua Portuguesa" no jornal Folha de São Paulo de 14 de julho de 2014.

