O falecimento da rainha Isabel II trouxe consigo a palavra exéquias, a qual tem várias particularidades que importa sublinhar. Antes de mais, trata-se de um substantivo feminino que só tem forma plural. Não se usa, portanto, a forma *exéquia.
Por outro lado, constitui um dos casos particulares de pronúncia, porque embora se escreva com a letra x, a sua segunda sílaba lê-se "-zé-": “izéquias”.
Com origem no latim exsequiae, a palavra significa literalmente «seguir para o túmulo». Esta significação, associada ao ato de acompanhar o corpo até à sua última morada, acabou por se alargar também às cerimónias que ocorrem durante o funeral. Por essa razão, atualmente, exéquias refere não só o cortejo fúnebre como também todos os ritos, cerimónias e orações que a comunidade realiza em homenagem aos mortos.
Perdem-se, deste modo, no tempo, os atos de respeito por aqueles que partem para uma última morada: a derradeira caminhada em que se acompanha aquele de quem nos queremos despedir, homenageando-o e encomendando às forças divinas por meio das exéquias.
Áudio disponível aqui:
[AUDIO: Exéquias_Carla Marques]
Crónica incluída no programa Páginas de Português, na Antena 2, no dia 18 de setembro de 2022.