Escreve-se ilegível, com i, ou elegível, com e?

Ambas as palavras apresentam uma grafia correta e existem registadas nos diferentes dicionários de língua portuguesa. Contudo, neste caso, basta mudar uma letra para alterar completamente o sentido daquilo que se pretende dizer.

A palavra ilegível (com i) significa «que não se pode ler», sendo utilizada em situações como «O meu colega tem uma letra ilegível» ou «O recado estava completamente ilegível».

Já a palavra elegível (com e) tem como sentido «aquele ou aquilo que pode ser eleito» e é comummente usada em situações como «Aquele candidato é elegível nestas eleições por razões burocráticas» ou «Os cidadãos com menos de 35 anos não são elegíveis para o cargo de Presidente da República».

Portanto, ilegível (com i) e elegível (com e) são palavras homófonas¹, isto é, têm uma pronúncia igual, contudo, a sua grafia e os seus sentidos são diferentes.

Áudio disponível aqui:

[AUDIO: Elegível e ilegível _ Inês Gama] 

1. * Aceita-se neste apontamento que elegível e ilegível são palavras homófonas no contexto da norma-padrão do português europeu. Com efeito, em elegível, o e- inicial é pré-tónico e, como outros e na mesma posição (enorme, electricidade, emoção), é pronunciado ou tende a ser pronunciado como [i]. Esta pronúncia, que no caso vertente, em Portugal, torna elegível homófono de ilegível, é representada pelas transcrições fonéticas do Portal da Língua Portuguesa e da Infopédia. No entanto, há descrições que assinalam a possibilidade de certas palavras de origem erudita terem a pronúncia do e- inicial  como [e] fechado, à semelhança do que ocorre com emigrar, cuja prolação, geralmente, não é "imigrar", mas, sim, "emigrar", com "e" inicial, para se distinguir de imigrar. Não excluindo que os adjetivos comentados no presente apontamento sigam também o modelo de emigrante/imigrante, sem que tal configure incorreção, a relação entre elegível e ilegível, nessa perspetiva, passará a ser a de paronímia. Cf. "Elegível e ilegível = paronímia".