«A vida é um bem supremo e os alunos também o sabem. Não há quem consiga entregar-se ao ensino e aprender efetivamente nestas circunstâncias!»
Professora, quando é que isto acaba?
Alguém já parou para pensar que, nas condições em que vivemos, os alunos não conseguem aprender?
Alguém já considerou que, presencialmente ou com ensino à distância, os jovens estão fartos? Veem a juventude esvair-se em dias acorrentados, desalmados, desesperados!
Que lhes interessa saber matemática, geografia ou português, quando assistem ao cenário dantesco dos hospitais, quando perdem familiares, quando tudo lhes falta, até os amigos?
Pensem comigo: não seria melhor parar tudo? Parar! Parar mesmo! Uma semana. Quinze dias. Não haver ensino presencial! Não haver ensino à distância! Seria uma espécie de férias antecipadas. Reformular-se-ia o calendário escolar! Mesmo que fosse necessário ter aulas em julho. Em agosto! Esta é uma situação catastrófica! Salvem-se as pessoas! A vida é um bem supremo e os alunos também o sabem. Não há quem consiga entregar-se ao ensino e aprender efetivamente nestas circunstâncias!
Assim sendo, essa pausa poderia ser preenchida com tarefas lúdico-pedagógicas: Ler! Sim, ler! Aconselhados pelos professores, orientados, motivados para a leitura de livros que lhes preenchessem a alma!
Eu sei, talvez me considerem uma sonhadora! Eu tenho consciência de que são poucos os alunos que gostam de ler! Mas são muitos os alunos que, neste momento, não gostam da escola.
– Professora, quando é que isto acaba? Só queria que tudo isto fosse um pesadelo.
– Não sei, mas “a cegueira também é isto, viver num mundo onde se tenha acabado a esperança”.
– Que frase bonita, professora!
– Lê o livro Ensaio sobre a Cegueira, de José Saramago. Vais encontrá-la lá.