Não é justa a sua nota, correspondente Ricardo Nobre.
Quanto à Sociedade da Língua Portuguesa, refiro que: em 1999, por exemplo, a Sociedade promoveu 24 conferências na sua sede, algumas muito concorridas e de elevado nível na língua; – organizou diversos cursos (latim, grego moderno, catalão, fonética, português para estrangeiros, etc.); – no seu cinquentenário realizou o Congresso "Lusofonia a Haver", cuja importância foi amplamente reconhecida. A SLP atribui regularmente os prémios internacionais de Tradução e de Linguística Lindley Cintra e mantém um serviço permanente de Consultório Linguístico e de Provedoria da Língua. Se mais não faz, é porque lhe faltam os meios materiais (na permanente dificuldade económica em que vive) e mais dedicações à causa da língua (para acompanhar as poucas, e graciosas, de que dispõe).
Quanto a Ciberdúvidas, este `sítio´ já prestou esclarecimentos a 6 500 perguntas, desde a sua fundação, e o número de visitas que tem atinge cerca de 7 000 por mês. O que admira é que tanto faça: graças à dedicação dos seus colaboradores, alguns a ajudar gratuitamente. Se tem dúvidas de que as respostas sejam credíveis, lembro que aqui não falamos de cátedra (é também injusta a sua afirmação de que somos arrogantes), pois toda a Aldeia Global fica livre de emitir opinião (rápida e facilmente) sobre os pareceres dados, com direito a publicação se for correta.
Ciberdúvidas, como o nome indica, é um fórum onde se discutem dúvidas sobre a nossa amorável mas difícil língua. É dedicado a quem tem dúvidas, como nós próprios também às vezes temos. E ocorre-me que foi pena que as não tivesse, quando escreveu expor com acento, pois está em linha uma resposta do signatário sobre este problema. E lembro-lhe que uma coisa é ser tolerante com o erro, outra defendê-lo.
Não podemos aceitar os termos em que se referiu a José Pedro Machado, autor que tem uma obra notável e que merece toda a nossa admiração e respeito, ...pelo menos de quem não tem obra semelhante...
Claro que toda a nossa comunidade culta leu "Os Maias". A pergunta é impertinente num país onde esta obra faz parte do currículo escolar. Mas, já agora, sempre lhe digo que, sem desprimor para o estilista Eça, o Épico é, no meu espírito, um marco fulgurante na língua.
Para terminar, prefiro designar o seu sentimento por insatisfação. Neste aspeto, poderia aceitar sua nota, pois é legítimo estarmos insatisfeitos quando aspiramos a maiores prestações (do nosso clube, do partido, do Governo, do País). É a insatisfação permanente que pode aperfeiçoar o mundo, e o desejo de melhorá-lo é uma virtude. Unicamente, a boa ética recomenda que da nossa parte haja uma participação empenhada nesse esforço de aperfeiçoamento, e que não se diga só mal, sem uma palavra de apreço para o que foi bem feito, muitas vezes com entusiasmo e só por amor à causa.
Ao seu dispor, naquilo em que puder ajudá-lo, quando tiver dúvidas.