Controvérsias - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Polémicas em torno de questões linguísticas.
Há racismo editorial no mundo literário em língua portuguesa?
O privilégio de que alguns escritores africanos gozam

«Não é novidade que os escritores africanos negros dos países africanos de língua oficial portuguesa (PALOP) têm mais dificuldades de publicar no estrangeiro se comparados aos seus pares brancos ou mestiços. Mia Couto, de Moçambique, ou José Agualusa, de Angola, por exemplo, têm sido uma espécie de "porta-bandeira" dos seus países na arena editorial internacional», escreve a linguista, escritora e jornalista moçambicana Nadia Issufo, nesta peça publicada no portal da Deutsche Welle no dia 25 de junho de 2021.

O racismo em <i>Os Maias</i> de Eça de Queirós
Proposta pedagógica de investigadora luso-cabo-verdiana gera polémica

Em 18 de fevereiro de 2021, a investigadora luso-cabo-verdiana Vanusa Vera-Cruz Lima, doutoranda da universidade americana de Massachussetts Dartmouth, identificou passagens racistas em Os Maias, de Eça Queirós, e defendeu a necessidade de as edições escolares as assinalarem em notas pedagógicas. Semanas mais tarde, uma notícia sobre o assunto desencadeava alguma polémica em Portugal.

Sobre  a notícia dada pela agência Lusa  da palestra de Vanusa Vera-Cruz Lima, o jornalista Luís Miguel Queirós assinou no jornal Público do dia 3 de abril de 2021 um trabalho com a opinião de quatro especialistas portugueses em estudos literários e na obra queirosiana. 

Vide, ainda, o artigo de opinião Eça de Queiroz, "Os Maias" e uma pergunta sobre racismo, da autoria de Carlos Maria Bobone, no jornal digital Observador de 21 de fevereiro de 2021.

 

À volta do plural (ou não) do latinismo <i>Homo sapiens</i>
Um caso de insensibilidade filológica?

Em crónica intitulada "A Minha Carta para Greta Thunberg" e saída no jornal Público em 3/12/2019, o jornalista português  João Miguel Tavares, falou dos «sacrifícios que foram feitos por milhões de homo sapiens que nos precederam». Comentando este texto em 6/12/2019, no Ípsilon, suplemento das sextas-feiras do jornal Público, o professor universitário português António Guerreiro encontra nele um erro de concordância – «[...] aquilo a que fui mesmo sensível foi à declinação de homo sapiens no singular [...]» – e considera que a forma correta seria «milhões de homines sapientes». O revisor e tradutor Helder Guégués, no seu blogue Linguagista, rebate a crítica de Guerreiro, falando de exagero; e o tradutor e latinista Gonçalo Neves, consultor do Ciberdúvidas, é a da mesma opinião: como denominação científica, Homo sapiens não tem plural.

Higienização da linguagem
Expressões politicamente incorretas

Neste artigo publicado no jornal Público, no dia 25 de setembro, o juiz português Manuel Soares reflete sobre o chamado «policiamento da linguagem», atitude que condiciona a liberdade de expressão e o direito à diferença. Nesta linha, o autor refere alguns exemplos de expressões portuguesas que, absurdamente, são consideradas impróprias, ofensivas, ou racistas, assim como exemplos semelhantes da língua inglesa, que sofreram alterações, de forma a neutralizar o suposto conteúdo ofensivo ou impróprio.   

Texto escrito conforme a norma ortográfica de 1945

Como é que se lê
Sobre os vieses de género na língua

«Receio que a vontade de condenar um patriarcado ancestral inegável nos esteja a fazer entrar numa deriva em que, à força de tanto forçar o acessório, acabamos por desvalorizar o que é realmente essencial: as persistentes desigualdades quotidianas em matéria de género», escreve neste artigo¹ a socióloga e professora universitária Maria José da Silveira Núncio a propósito da querela à volta da linguagem inclusiva (cf. Textos Relacionados, ao lado).

¹ in jornal portugês Público do dia 6 de agosto de 2019.

10 expressões racistas que deveríamos tirar do nosso vocabulário
Pejorativas, dos tempos da escravidão

«Denegrir», «criado-mudo», «fazer nas coxas», «não sou tuas negas», «trabalho de preto» e «da cor do pecado» são algumas da palavras e expressões que usamos no dia a dia sem nos apercebermos como elas podem ser consideradas ofensivas na sua ressonância do que era a escravidão e os dolorosos tempos vividos pelos negro ao longo da História. Compilação da autora, que, com a devida vénia, transcrevemos do portal brasileiro Universa, com data de 20 de abril de 2019.

 

A palavra é... <i>ideologia</i>
Conhecimento e opinião no debate político brasileiro

Há quem use a palavra ideologia para se referir a certas doutrinas, pressupondo que há forças políticas que não têm preocupações ideológicas, porque o que defendem é simples e natural como a realidade. Sucede, no entanto, que o conhecimento que temos está longe desse idílico acesso direto ao real, pelo que, na vida política (ou na religiosa, desportiva e até mesmo científica), é necessário admitir que a discussão é feita de crenças em todos os quadrantes, da esquerda à direita. A propósito do presente clima político brasileiro, o linguista brasileiro Aldo Bizzocchi dá conta do debate à volta da palavra ideologia, falando doutros dois termos relacionados com a questão do conhecimento e da opinião, na tradição grega, denominados, respetivamente, por episteme e doxa (este que tem a mesma raiz de dogma e doutrina). Vídeo que o autor realizou, com um pequeno texto introdutório (também aqui transcrito), para o seu canal Planeta Língua, no Youtube.

Car@s leitorxs (e utentas)
Sobre a linguagem de género

A chamada linguagem inclusiva e a crítica ao «estereótipo de género» em foco neste artigo sarcástico do autor, transcrito do jornal “Público” de 7 de dezembro de 2018.

A vida da língua

Poderá a boa pronúncia – que é matéria da ortoépia – ser imune à variação e inovação fonéticas que o uso evidencia? E até que ponto os estrangeirismos constituem uma verdadeira ameaça para a integridade de uma língua? O purismo tem futuro? Evocando a memória do normativista brasileiro Napoleão Mendes de Almeida (1911-1998), o jornalista brasileiro Leandro Karnal levanta várias questões em tom provocatório neste texto publicado em 15/2/2017 no jornal digital Estadão.

Calem-se, por favor, mas de vez!

«'Portuguesas' e 'portugueses' não é apenas um erro e um pleonasmo: é uma estupidez.», sustenta Isabel Casanova, regressada a uma recente querela desencadeada (aqui e aqui) com uma crónica de Miguel Esteves Cardoso – lembrando neste apontamento uma iniciativa do Governo francês, em 1984, quando criou uma comissão de terminologia «encarregada de estudar a feminização dos títulos e funções, assim como, de uma maneira geral, o vocabulário respeitante às atividades das mulheres.»

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