Um representante da Academia Brasileira de Letras, Evanildo Bechara, considerou hoje que «as divergências ortográficas só podem gerar confusões no público».
Este linguista brasileiro falava durante uma conferência internacional/audição pública na Assembleia da República, organizada pela comissão parlamentar de Ética, Sociedade e Cultura para promover a reflexão sobre o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.
Na sua intervenção, o linguista sustentou que «não é um acto de tirania nem ingerência do Estado estabelecer um acordo ortográfico nas instâncias de ensino, porque não impede os escritores de escolher a sua ortografia ou o homem comum de grafar como aprendeu na escola».
Evanildo Bechara salientou que a Academia Brasileira de Letras «defende a unidade ortográfica da língua portuguesa», porque «são muitos os benefícios e vantagens» para os membros da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).
Por seu turno, Amélia Mingas, presidente do Instituto Internacional da Língua Portuguesa, organismo dentro da CPLP que trata das matérias relacionadas com a língua, defendeu a necessidade de «os vários interesses envolvidos serem equacionados, e não apenas os relacionados com o mercado editorial».
«Somos 250 milhões de habitantes do espaço dos falantes de português e cada país-membro da comunidade tem o seu contributo para o enriquecimento da língua portuguesa», observou.
Na conferência, Jaime Gama, presidente do parlamento, defendeu que «para esta matéria [o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa] ter o máximo de aceitabilidade, deve obter o máximo de unanimidade por parte da comunidade de países de língua portuguesa».
«A língua é o que justifica a união desta comunidade», lembrou o presidente do parlamento perante cerca de meia centena de participantes, entre embaixadores, deputados e linguístas.
Na sequência de uma resolução do Governo português, a Assembleia da República tem pendente para ratificação o segundo protocolo modificativo do Acordo Ortográfico que visa unificar a escrita do português, já aprovado pelo Brasil, Cabo Verde e São Tomé.
A conferência internacional/audição pública prossegue durante a tarde de hoje na Assembleia da República com um painel em que Carlos Reis e Vasco Graça Moura farão as intervenções iniciais, seguindo-se as outras entidades convidadas e os grupos parlamentares.
in agência de notícias portuguesa Lusa, de 7 de Abril de 2008