Português na 1.ª pessoa - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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«O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, que padronizará os oito países da CPLP a partir de 2008, não tem base científica e trará mais transtornos do que benefícios» — defende Luiz Carlos Cagliari, professor do departamento de Linguística da Faculdade de Ciências e Letras da Universidade Estadual Paulista, em entrevista à Agência Fundação Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo.
 

Não é nada improvável ouvirmos este pedaço de conversa enquanto tomamos café ao balcão:

«Podes mandar-me os mpeg zipados. Eu levo wireless e faço-te o upload disso de lá.»

Estão aí, na boca de toda a gente: os downloads, os MP3, os chats, as drives, os backups e os screenshots; os registos de login; os conteúdos em RSS e podcast; os bytes, os mega, os giga

«(...) A criança apresentava a pele muito escura, e as muitas desculpas dadas pela mulher (de que também tinha descendentes directos negros) já não o convenciam. A “morte súbita” pode-lhe ter surgido como a única solução, até porque o pretenso pai, sob o efeito da morte do filho, não voltaria a negar a paternidade.»1

Para evitar o disparate, bastava à autora da notícia lembrar-se de que descendente é para baixo e ascendente é para cima...

1 in Correio da Manhã, 28 de Agosto 2007

Portugal quer adiar por dez anos <br> entrada em vigor do Acordo Ortográfico

Segundo notícia da agência Lusa, com data de 28 de Agosto de 2007, que a seguir se transcreve na íntegra, o Governo português pretende que o Acordo Ortográfico só entre em vigor no país daqui a 10 anos. Em contrapartida, no Brasil, os  livros didácticos aprovados para 2009 contemplarão, já, a ortografia comum para os oito países da CPLP.

 

A publicidade usa a técnica da repetição sistemática para consolidar os estímulos no cérebro dos consumidores. A repetição torna a mensagem familiar e cria uma ideia de «normalidade» em relação à satisfação do apelo.

A repetição tem efeitos semelhantes no domínio da linguagem. A aprendizagem das línguas assenta, em muito, na audição e vizualização repetida das palavras.

A imprensa brasileira continua a dar como adquirida a entrada em vigor do Acordo Ortográfico, em 2008. É o caso desta notícia da Follha de S. Paulo, de 20/08/2007, onde se resumem as principais alterações previstas desde 1990. Mudanças que vão entre 0,5% e 2% do vocabulário brasileiro, entre os quais o fim do trema.

Ver também Ortografia da língua portuguesa será unificada + Língua portuguesa terá novas regras

O nosso leitor Álvaro Alapraia escreve-nos e deixa-nos a constatação de que a palavra despoletar se está a generalizar erradamente como sinónimo de desencadear, quando o que a palavra realmente significa é o contrário, ou seja, desactivar, neutralizar. Isto porque espoleta é um dispositivo destinado a fazer explodir carga; espoletar é pôr a espoleta; logo, despoletar é tirar a espoleta, impedindo a explosão.

Palavras de plástico ou palavras-chiclete

Um lingüista alemão, Pörksen, denomina «palavras de plástico» as que entram na moda com sentidos imprecisos, servindo para tudo. São expressões novas da linguagem mediática, que resultam de mudança de significado criadas por especialistas de diversas áreas e caem no gosto do falante comum, sem entender bem o significado, pelo teor de modernidade.

Outro alemão, Werner Ludger Heiderman (UFSC), denominou-as «palavras-chiclete», porque depois de muito usadas são jogadas fora.

Os nossos irmãos brasileiros

«Por que razão os imigrantes dos países de língua oficial portuguesa são obrigados a fazer um teste de português para adquirirem a nacionalidade [portuguesa]? Que tipo de conhecimento se pretende provar com esse exame, quando o português já é língua dessas pessoas e, no caso do Brasil, a sua única língua?», pergunta o jurista Pedro Lomba, num artigo dado à estampa pelo...

O que é falar nas entrelinhas? Como é que podemos sugerir algo sem efectivamente dizê-lo? Como é que se faz para dizer alguma coisa implicitamente?

Sugerir é falar sem dizer tudo, é deixar uma lacuna no discurso, que o leitor terá de preencher se quiser interpretar cabalmente o que lhe está a ser dito. Não raro, recorre-se a umas pequenas palavras que ditam a direcção que deve ser tomada nesse trabalho de interpretação.