Português na 1.ª pessoa - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Redundâncias

Algumas das redundâncias mais repetidas nos media portugueses. «[São] como os juros que os bancos nos pagam pelos nossos depósitos (à ordem ou a prazo). Não acrescentam nada ao capital inicial. Um investimento linguístico a evitar.» Crónica do jornalista Wilton Fonseca no jornal i de 25/11/20011, que aqui se transcreve na íntegra, com os devidos agradecimentos ao autor e ao matutino lisboeta.

 

Veio no jornal: «Testemunhas oculares garantiram ontem ter visto entrar na Somália tropas da Etiópia.»

«Ao contrário de muitos neologismos que diariamente são criados, as malabarices já nasceram “naturalizadas”, com grafia, som e significado que não ferem os usos e costumes», escreve Wilton Fonseca, na sua coluna semanal do diário "i", a propósito do mais recente neologismo entrado no léxico político português.

 

Uma incorreção sintáttica

Um texto de Sandra Duarte Tavares, ainda à volta da (errada) utilização do verbo abusar na voz passiva, nos media portugueses.

Crónica do jornalista Ferreira Fernandes, à volta de uma palavra recém-entrada no léxico político português. In Diário de Notícias de 11/11/2011.

 

Com o gosto do Parlamento [português] por discussões que dão sono, almofada entrou no debate político. Miguel Relvas deitou a palavra à discussão e [António José] Seguro repousou nela as esperanças socialistas. Até que (…) Passos Coelho tirou o assunto da cabeceira: «Este Orçamento não tem almofadas.»

 

 

Numa admirável crónica no Expresso, Miguel Sousa Tavares descreveu a angústia do jornalista que quer “fechar” o seu artigo, mas sabe que a qualquer momento pode surgir um desenvolvimento importante.

A propósito das notícias sobre a greve que envolveu os trabalhadores da companhia aérea australiana Qantas, o exame atento de alguns serviços informativos em português revela que a forma de pronunciar esta denominação pode variar:

– Nas televisões portuguesas, ouve-se pronunciar “cantas”, dando ao q o valor de c na palavra canto (ver também aqui).

Texto publicado no jornal i, sobre o mau uso na imprensa portuguesa do verbo ficar-se, no sentido de «restringir-se».

 

No mesmo artigo de jornal: «Lisboa seguiu a tendência positiva, mas ficou-se pelos 2,62 por cento (PSI 20)»; e mais adiante: «A valorização dos quatro bancos portugueses cotados no PSI 20 ficou entre os seis e os oito por cento.»

Em que é que ficamos: «ficar-se», ou «ficar»?

Já aqui foi abundantemente salientada a já clássica – mas erradíssima – colocação da vírgula entre sujeito e verbo. No entanto, não posso deixar de voltar a chamar a atenção para o grau assustador de expansão e de enraizamento que tal prática atinge.

Crónica publicada no jornal i de 28/10/2011 sobre o que está a acontecer ao verbo acontecer nos jornais portugueses.

 

Acontece cada uma! Não, esta crónica não é sobre o programa do saudoso Carlos Pinto Coelho. É sobre a má utilização do verbo “acontecer”. Escreveu um dos “jornais de referência”, há dias, a propósito de progressos verificados na pesquisa de uma vacina contra a malária: «A RT...

Em qualquer língua, serão certamente detetáveis diferenças (algumas até bastante vincadas) entre contextos escritos e orais. Na língua portuguesa, escrevemos, por exemplo, menino, mas podemos dizer mnino, ou, no caso do português do Brasil, minino; escrevemos para, mas podemos dizer p’ra. O que não podemos é, como é evidente, confundir os referidos contextos, e passarmos, por acharmos que a oralidade valida a escrita, a escrever, por exemplo, mnino e p’ra.