Por vezes, ao Ciberdúvidas, chegam perguntas relacionadas com a distinção entre os conceitos de aquisição e de aprendizagem. Trata-se de uma questão central para quem trabalha na área da aquisição de línguas. Contudo, se esta destrinça não levanta grandes dúvidas no desenvolvimento linguístico da língua materna (LM), no âmbito da assimilação de línguas não maternas (LNM) não existe um consenso sobre a conceptualização destes termos. Trata-se de uma indefinição resultante, sobretudo, da dificuldade em assinalar critérios sólidos que permitam discutir estes dois conceitos.
Embora existam divergências quanto à natureza específica destes dois termos, alguns dos fatores associados à sua distinção contribuem, igualmente, para a compreensão das diferenças entre o processo de aquisição de uma LM e o de aquisição e aprendizagem de uma LNM. Por um lado, entende-se que a aprendizagem designa o processo de assimilação das estruturas de uma língua através de representações explícitas e conscientes, geralmente, em ambientes de instrução formal (sala de aula). Neste caso, o aprendente tem uma clara consciência do processo de aprendizagem do idioma.
Já a noção de aquisição é usada para designar um processo não-consciente e que resulta da criação de conhecimento implícito sobre o sistema linguístico alvo, ou seja, ocorre em contextos naturais e de forma espontânea. No fundo, a aquisição não é necessariamente a aprendizagem, uma vez que se pressupõe uma interação entre mecanismos cognitivos e dados linguísticos a partir dos quais o falante constrói conhecimento acerca da língua e da sua gramática.
A tendência atual no campo da aquisição de línguas é a de considerar que o processo de desenvolvimento da LM é do tipo aquisitivo, na medida em que a sua ocorrência se dá nos estados iniciais de desenvolvimento e acontece de forma implícita. Já o mesmo não se verifica na LNM, visto alguns investigadores defenderem que, pelo menos no caso de aprendentes adultos, se trata de um processo de aprendizagem consciente. No entanto, outros autores propõem que, no que respeita à LNM, estão também envolvidos mecanismos de aquisição, o que justifica, então, a opção por designar o seu processamento como aquisição e aprendizagem.