O verbo viver encontra a sua origem na forma latina vivere, o que aponta para um processo de construção de sentidos secular, pleno de matizes.
Mais do que nunca, este é um verbo central no nosso quotidiano, sobretudo quando atualizado no sentido de «existir», ou «ter vida». Uma significação primordial que, neste momento, parece orientar as ações e as atitudes de uma parte significativa da humanidade. Ter vida, manter a vida é o foco para resistir às ameaças do coronavírus.
Viver é também o verbo que descreve a forma como conduzimos a nossa existência, como procedemos. Neste momento, viver segundo as regras impostas é fundamental para continuar a existência da humanidade. Mas, para além da simples existência, da sobrevivência, viver é também o verbo da fruição, porque viver é «gozar a vida», é «aproveitar», é desfrutar dos momentos, de cada momento, porque a vida é feita para ser vivida.
São estes sentidos do verbo que os tempos em que vivemos não permitem atualizar e são estes mesmos sentidos que a humanidade almeja. Para que, muito em breve, viver seja mais do que resistir e possa significar fruir e ser plenamente humano.
Áudio disponível aqui
[AUDIO: Carla Marques - Viver]
Apontamento da autora no programa Páginas de Português, emitido na Antena 2, no dia 25 de abril de 2021.