A flash interview não é para qualquer um. É uma espécie de momento Andy Wharol — os seus famosos minutos de fama — que implica o frenético jornalista e uma de duas personagens: o jogador de futebol, afogueado de tanto pensar com os pés, ou o deputado e afins, cuja voz enrouqueceu dependurada na retórica e no nó da gravata. Faz-se no verde dos relvados, antes do banho, ou nos Passos Perdidos, ou à esquina de uma rua, à saída de um templo da República, ou com o ilustre entrevistado já na pose inclinada de quem se apressa para entrar no carro oficial.
Qual o equivalente em português para a flash interview? A flash interview, claro. Só assim é que ela tem piada. Entrevista-relâmpago? Que sensaboria!... Todos sabemos que em inglês tudo é mais veloz e os sound bytes são invenção sua. O que até dava trocadilho, em inglês, claro. O sound bite, o som que morde, não existe entre nós. Aqui insinua-se, sugere-se, pica-se, intriga-se. E uma picardia ou um balanço oracular, velocíssimo e tantas vezes inócuo, melhor é que continue a se exprimir em flash interview. Porque nos podemos distanciar, de «mãos pensas», como diria o poeta.