Crise é a palavra que está na ordem do dia [em Portugal]. Crise na saúde, crise na justiça, crise na educação, crise nos relacionamentos…
E a língua portuguesa está, também ela, em crise. E porquê? Porque se fala e escreve cada vez pior.
Mas o que é, afinal, escrever mal? Será apenas cometer erros ortográficos?
Um texto pode não conter um único erro ortográfico e, no entanto, ser totalmente incompreensível. Isto porque a língua não se resume à ortografia. Há outras componentes da gramática que contribuem para o sucesso ou fracasso da expressão escrita, nomeadamente o léxico, a morfologia, a sintaxe, a semântica, a pontuação.
Quais serão, então, os motivos que estarão na origem desta crise linguística? De entre muitos que poderá haver, saliento três:
1. Falta de referências
Os profissionais da comunicação (jornalistas, escritores, professores…) deveriam ser uma referência, mas, como sabemos, muitos fazem um mau uso da língua portuguesa.
2. Falta de leitura
Cada vez se lê menos, culpa da falta de tempo ou do excesso de tecnologias, o que é certo é que o pouco que se lê é muitas vezes “descartável” e de má qualidade.
3. Falta de ensino de gramática
Hoje em dia, o tempo dedicado ao estudo da gramática e à prática da redacção nas aulas de Português é cada vez mais reduzido (ou quase nulo), o que tem dado origem a um deficiente domínio da língua, falada e escrita, por parte dos estudantes que ingressam no Ensino Superior.
As evidências falam por si, porém, se é com a crise que portas de mudança se abrem, então aceitemo-la como uma oportunidade de salvar este património tão valioso, que é a Língua Portuguesa!
Ainda vamos a tempo!
Texto originalmente colocado no blogue da autora.