O Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), instituição da CPLP responsável pela política linguística comum da língua portuguesa, lançou neste dia, na cidade da Praia, em Cabo Verde, a primeira versão pública da plataforma do Vocabulário Ortográfico Comum (VOC), que define de forma conjunta a aplicação do Acordo Ortográfico nos países de língua portuguesa. A obra integra pela primeira vez os Vocabulários Ortográficos Nacionais (VON) de Moçambique e de Timor-Leste, formalmente entregues em 12/05/2014 à direção executiva do IILP pelos representantes dos respetivos governos, Lourenço do Rosário, presidente do Fundo Bibliográfico do Português, e Crisódio Araújo, do Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Timor-Leste. Além de integrar os primeiros VON de Moçambique e Timor-Leste jamais feitos, o VOC, que nesta fase conta já com perto de 250 000 palavras da língua portuguesa, é também a primeira obra que integra os vocabulários oficiais do Brasil e de Portugal numa só plataforma. O Vocabulário Ortográfico Comum para todos os oito países lusófonos – à exceção do Brasil e de Portugal, nenhum dos restantes dispunha sequer de um prontuário, 40 anos depois das independências africanas – é um instrumento decorrente pelo Acordo Ortográfico assinado pelos países da CPLP em 1990, já aplicado plenamente pelas instituições públicas e pela generalidade da imprensa no Brasil e em Portugal e cuja ratificação e aplicação, entre os países da CPLP, apenas ainda não foi iniciada em Angola e Moçambique. Neste último país, a publicação de um VON que desse conta das especificidades do português falado e escrito no país era entendida como passo prévio necessário para a ratificação e aplicação do Acordo Ortográfico. «Trata-se de incorporar no Acordo as especificidades da nossa língua (…), temos um vocabulário de cada país, além daquele que nos é comum», afirmou recentemente Augusto Jone, ministro da Educação de Moçambique, à margem da VIII Reunião de Ministros da Educação da CPLP. «Encontramos palavras que só têm sentido para os falantes de um determinado país», acrescentou.
A elaboração da obra contou com a participação de especialistas oficialmente nomeados pelos estados-membros, que nesse âmbito discutiram entre si os critérios de aplicação do Acordo Ortográfico. Gilvan Müller de Oliveira, diretor executivo do IILP, instituição que coordena o projeto, explica o processo: «As regras de escrita do português foram sistematizadas por uma equipa central. Foi clarificado cada ponto passível de levantar dúvidas, incluindo questões que o Acordo não contempla mas que devem ser tratadas num vocabulário», após o que «os consultores de cada país levantaram problemas e sugeriram melhorias a essa sistematização». No final, chegou-se a uma proposta de sistematização não ambígua das regras, que está neste momento a passar pela última fase de validação. A plataforma passa fica a partir de hoje disponível aqui. Através dela, é possível aos internautas acompanharem a fase final da elaboração do VOC, cuja versão final do VOC será apresentada na Cimeira dos chefes de Estado e de Governo da CPLP, a ter lugar em 22 de julho em Díli.