1. A conjunção então, que surge habitualmente com um valor temporal, poderá ser usada num contexto argumentativo com um valor conclusivo? Na nova atualização do Consultório, abordamos esta questão. As liberdades poéticas permitem aos autores não seguirem determinadas regras gramaticais, como acontece no verso de Fernando Pessoa: «Minha loucura outros que me a tomem», no qual não se procede à contração dos pronomes me e a. Neste caso, qual a função sintática de me? A ordenação dos constituintes na frase pode, por vezes, colocar problemas a quem escreve: qual é a melhor opção «conversas de café superficiais» ou «conversas superficiais de café»? A regência de relativos por preposições continua a oferecer dúvidas a quem escreve e lê: em «As coisas a que fiz alusão», por que razão não se diz «às que fiz alusão»? Finalmente, esclarece-se qual o plural da expressão «teclas de atalho», assinalando a regra que explica este caso particular.
2. O concurso televisivo da RTP Joker tem dado matéria para diversos reparos disponíveis no Pelourinho e, mais uma vez, assinalamos uma imprecisão. Desta feita, o apresentador leu, em diversas ocasiões, a palavra taxidermia (que significa "arte de empalhar animais" (cf. Dicionário Priberam)) como "taxidérmia", pronuncia que não está correta porque a palavra não é proparoxítona, como se explica neste apontamento.
3. Um erro ortográfico é erro em qualquer contexto. Todavia, o seu impacto pode ser muito diferente em função de quem o comete ou do local onde ele surge. Quando um erro é da responsabilidade de um membro do Governo e é divulgado em redes sociais de larga escala, o seu efeito pode ser demolidor. Mais grave será ainda se o seu autor for ministro da Educação. Foi o que aconteceu no Brasil com o ministro Abraham Weintraub, que recentemente escreveu no Twitter "imprecionante", erro que veio recordar que já em agosto tinha escrito a palavra paralisação com "z", como assinala o jornalista brasileiro Mateus Vargas, num artigo divulgado no Pelourinho.
4. A origem da expressão «sem eira nem beira» perde-se no tempo e, para a consciência linguística dos falantes atuais, o seu significado original é opaco e quase misterioso. Numa tentativa de esclarecer o significado original da expressão, Alexandre M. Flores, ensaísta, professor e investigador, indo até ao mundo agrícola e ao da arquitetura, vai em busca da sua história, encontrando duas possíveis interpretações que apresenta num breve artigo que aqui transcrevemos.
5. Também a lexicógrafa Ana Salgado procura a origem de expressões que usamos no nosso quotidiano. Deste feita, abordou a locução "discutir o sexo dos anjos", cuja origem parece remontar ao século XV e a um concílio onde se debateu efetivamente se os anjos teriam sexo (crónica divulgada na plataforma Gerador).
Pormenor da pintura Madona Sistina, de Rafael Sanzio (1512).