Noticia a Folha de S. Paulo deste dia: no Brasil, o Governo federal vai adiar para 2016 a plena vigência do Acordo Ortográfico de 1990 (AO). Com este adiamento de três anos, relativamente ao período de transição que permite ainda a coexistência das duas normas, a nova e a de 1945, o Brasil fica em situação similar à de Portugal. Recorde-se que o Brasil adotou oficialmente o AO em janeiro de 2009 (tendo na altura prescrito em três anos o período de transição), e Portugal fê-lo dois anos depois (com a obrigatoriedade de a nova ortografia se aplicar apenas a partir de 2015). A propósito deste assunto, veja-se o comentário do jurista Fernando Guerra, Sobre a "notícia" da morte do Acordo Ortográfico no Brasil.
As formas verbais «tinha pego» («tinha pegado») e «tinha trago» («tinha trazido») não são aceites pela norma — assim se responde acerca da legitimidade do uso de particípios curtos, sem tradição latina, os quais configuram uma inovação comum ao Brasil e a Portugal, ainda que realizada de modos diferentes nos dois países. Outras questões debatidas na nova atualização: a história trágica do verbo defenestrar; a competição entre os sufixos -ção e -mento; a ausência do adjetivo desmoralizante em alguns dicionários. Uma seleção destes conteúdos pode ser consultada no Facebook, onde também se disponibilizam respostas em registo áudio: neste dia, fala-se da formação de homofobia e homofóbico.
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