Disponibiliza-se nas Controvérsias um texto publicado no Diário de Notícias e da autoria do poeta, escritor e político português Vasco Graça Moura, que interpreta como sinais de suspensão próxima o adiamento da obrigatoriedade do Acordo Ortográfico (AO) no Brasil e a notícia de eventuais acertos por parte da Academia Brasileira de Letras.
Na verdade, o que se passa é um prolongamento por mais três anos do período de adaptação ao AO. Importa notar aliás que, à semelhança do processo de transição português, no Brasil, a ortografia anterior (de 1943, alterada em 1971) continua a ser seguida por quem assim o entender, apesar de a também chamada "implantação" ter sido já decretada e efetivamente conseguida nos mais variados setores da sociedade brasileira. Como complemento a esta informação, leia-se:
Brasil deve esperar Portugal para Acordo Ortográfico, diz senadora
Adiamento do acordo ortográfico deve mudar pouco a realidade, diz acadêmico
Carta Aberta ao Ministro da Educação
Em Portugal, em 2011, austeridade era a palavra do ano. E a de 2012 não é estranha ao mesmo campo lexical: trata-se do neologismo "entroikado" (ou entroicado, como é preferível), «em situação difícil, tramado», em resultado da votação da "Palavra do Ano", uma iniciativa da Porto Editora.
O anúncio foi feito neste dia em cerimónia realizada na Biblioteca Municipal José Saramago, em Loures, e reporta-se à escolha da palavra mais popular entre as dez de uma lista quase integralmente relacionada com a crise financeira e socioeconómica: desemprego, entroikado, solidariedade, cortes, democracia, imposto, manifestação, refundar, TSU(sigla correspondente à expressão «Taxa Social Única»). Só a presença de bosão nesta série dá tréguas à preocupação com que os portugueses referem a atualidade.
A propósito, sendo troica, como já aqui assinalámos, o aportuguesamento de troika, natural seria que a nova "Palavra do Ano" se grafasse entroicado, e não "entroikado". Fica feito o reparo, na esperança de lexicógrafos e jornalistas darem atenção a este aspeto.