1. É um dos erros mais generalizados quantas vezes em livros escolares, quase sempre na cada vez mais desleixada comunicação social portuguesa nas questões da escrita. Tudo à volta do indispensável ponto abreviativo que assinala a supressão de letra, quando escrevemos uma qualquer abreviatura (regra idêntica com os numerais), e sem ele, no caso da grafia dos símbolos. É o que sintetiza Maria Regina Rocha no texto A grafia (diferente) das abreviaturas e dos símbolos, que fica a constituir um bom guia de referência na matéria.
2. Ainda sobre os (continuados) maus resultados nos exames nacionais de Português no ensino secundário, em Portugal, escreve Vasco Graça Moura, em artigo publicado no Diário de Notícias de 10/8/2011 (“Docência e decência”): « (...) Nas últimas décadas, o léxico da nossa língua "encolheu" consideravelmente, o que significa uma perda incalculável. É uma evidência que hoje a generalidade das pessoas, sobretudo as mais jovens e mesmo que tenham tido uma escolaridade supostamente normal, tem mais dificuldade em ler os chamados grandes autores. Não me refiro a casos especiais, como o de Aquilino Ribeiro. Nem a textos mais distantes de nós no tempo, como Fernão Lopes, Gil Vicente, Camões ou Vieira. Mas basta pegar em Garrett, Herculano, Camilo, Cesário, Eça, António Nobre ou Fialho: um grande número de significados e de formulações, de maneiras de dizer e de escrever o mundo e a condição humana, escapa aos leitores, o que acarreta o desinteresse crescente e o abandono dessas leituras, com a consequência do esquecimento trágico daquilo que tais autores e obras representam.»
3. Interrompida em Agosto, a actualização regular do consultório do Ciberdúvidas volta no dia 5 de Setembro. Até lá, mantemos no Facebook uma selecção diária dos seus mais relevantes conteúdos e novos textos entretanto colocados em linha, como os dois deste dia. E continuamos sempre disponíveis pelo endereço ciberduvidas@ulusofona.pt.