Este ó (com acento agudo) é interjeição indicativa de chamamento ou invocação e vem do latim o (com significado idêntico). Entra facultativamente no vocativo (palavra ou expressão que serve para chamar ou invocar). Tanto podemos dizer: «Ó Zé, dá-me o livro» como: «Zé, dá-me o livro.» O significado é semelhante. A diferença reside na ênfase que se quer dar à pessoa chamada ou invocada. Ou seja: ó Zé = maior ênfase; Zé = menor ênfase.
Convém não confundir a interjeição ó do vocativo com a interjeição oh!, designativa de admiração. O ó do vocativo não pede ponto de exclamação (!) antes do nome chamado ou invocado. Exemplo desaconselhável: «Ó! Maria, dá-me o livro.» Aceitável: «Ó Maria, dá-me o livro.» Aceitável também: «Ó Maria! Dá-me o livro.» Ou: «Ó Maria, dá-me o livro!»
Em «Ó Maria!», coloca-se a ênfase exclamativa em Maria. Em «Ó Maria, dá-me o livro!», enfatiza-se o livro. E, se quisermos enfatizar a própria interjeição, transmitindo-lhe um tom admirativo, empregamos oh! em vez de ó. Assim: «Oh! Maria, dá-me o livro.»
«Ó Maria!» e «Oh! Maria» não significam o mesmo. A diferença está na forma como se diz a frase.
No primeiro caso, limitamo-nos a chamar ou invocar. No segundo, manifestamos sentimento por algo que Maria fez ou não fez. Deste modo, segundo o contexto em que a frase for proferida, com «Oh! Maria, dá-me o livro», poderemos querer dizer algo como: «Oh! Maria, não me trouxeste o livro que te tinha pedido.»
Quanto à necessidade da vírgula no vocativo, vejamos dois exemplos: «João anda» e «João, anda». O sentido de «João anda» é que João caminha, move-se. E, em «João, anda», pedimos ao João que se mova, caminhe. Em «João anda», pois, descreve-se o movimento de João; em «João, anda», formula-se o pedido de que ele se movimente.