Cito o dicionário brasileiro Aurélio (1999):
«deletar.
[Adapt. do ingl. (to) delete, "destruir", "eliminar"; "apagar ou rasurar (texto)" < lat. deletus, part. pass. do v. lat. delere, "apagar", "riscar" (v. delir e -ar2).] V.t.d. Inform. V. apagar (9). [Em port., o termo é tido como malformado; o verbo correspondente ao ingl. (to) delete é o v. delir (q.v.), que não é empregado neste sentido.]»
Ou seja:
deletar vem do inglês "(to) delete", que tem origem latina. Apesar de tal origem, não deixa de ser um anglicismo;
deletar é tido como malformado em português – além da razão apontada no Aurélio, talvez possamos acrescentar outra: o infinito inglês "(to) delete" vem do particípio passado e não no infinito do verbo latino.
O mais importante, todavia, nem será isto, mas se há ou não necessidade de aportuguesar semelhante verbo. Precisamos dele? Destruir, eliminar, suprimir ou apagar não transmitem em português o sentido do inglês "(to) delete"? Eliminar, apagar são menos expressivos do que "deletar"? «Eu deleto», no Brasil, é mais claro e mais rigoroso do que «eu apago», «eu elimino».1
1 N.E. – Deletar encontra-se registado no Vocabulário Ortográfico da Línigua Portuguesa da Academia Brasileira de Letras, assim como no Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa (2001). No caso, com esta recomendação explícita: «Palavra a evitar (...)» [aportuguesamento por via do inglês (to) delete, que significa «'apagar, remover, suprimir', der. do rad. lat. de deletum, supn. do v. delere, 'destruir, apagar, suprimir'.»] Já em Cabo Verde, deletar é um verbo com uso local, no sentido de «demorar a vir», «nunca mais chegar»; «demorar muito», «levar muito tempo». Do crioulo cabo-verdiano deletar, de deleitar. [in Grande Dicionário da Lingua Portuguesa, Porto Editora, 2010.]. Consta igualmente do Vocabulário Nacional de Cabo Verde.