A Prosódia (também é possível escrever prosódia) é um ramo da linguística que investiga as propriedades fónicas da cadeia da fala «que contribuem para a interpretação do significado e determinam o ritmo da frase» (M.ª Helena Mira Mateus et al., Gramática da Língua Portuguesa, Lisboa, Editorial Caminho, 2003, pág. 1037), a saber, o tom, o acento (ou seja, o acento tónico) e a duração (ibidem).
No Dicionário Terminológico (domínio B 1.2.) encontra uma definição e exemplos do que é, pelo menos, numa certa perspetiva, uma análise prosódica (mantém-se a ortografia original):
«Prosódia/nível prosódido – Um dos dois níveis de análise fonológica das línguas. No nível prosódico, analisam-se os fenómenos fonéticos e fonológicos que envolvem unidades mais vastas do que os fonemas, como a sílaba, a palavra ou a frase. É no nível prosódico que se estudam os processos entoacionais, rítmicos ou o acento, que muitas vezes se manifestam através de variações de tom, duração e intensidade.
Notas
No âmbito da prosódia, estudam-se, por exemplo, fenómenos como a co-articulação de sons em fronteiras de palavras (como na queda da vogal final de “belo” na sequência “belo artista”) ou o comportamento de palavras sem acento próprio como os pronomes átonos.»
Uma síntese do que são a prosódia e o seu nível de análise encontra-se em M.ª Helena Mira Mateus e Alina Villalva, O Essencial sobre Linguística, Lisboa, Editorial Caminho, 2006, págs. 59-60), obra de que se citam as seguintes passagens (ibidem; manteve-se a ortografia original):
«Os sons das línguas não possuem apenas as propriedades articulatórias que diferenciam um /a/ de um /i/ ou de um /o/. Eles têm também propriedades prosódicas, como a intensidade (a vogal pronunciada com maior intensidade é a que contém o acento da palavra), a duração (em certas línguas as vogais podem contrastar pelo tempo de pronunciação, sendo umas breves e outras longas, e a altura ou tom (a sequência de tons das vogais de uma palavra ou frase constitui a entoação).
Porém, no português, o tom e a duração não permitem distinguir significados, ao contrário do que acontece em outras línguas, como o mandarim, em que a mesma sequência de sons, por exemplo ma, pode ter significados diferentes se a vogal /a/ tiver um tom baixo ou um tom alto; ou como no latim, em que a duração da vogal numa mesma sequência pode indicar a função sintáctica da palavra – rosă, com vogal final breve, é nominativo (tem função de sujeito), e com vogal final longa, rosā, é ablativo (tem uma função complementar).
Uma outra propriedade prosódica, a intensidade, está relacionada com o acento tónico da palavra e marca uma sílaba que é pronunciada com mais força, tornando-se proeminente na sequência de sílabas que constituem a palavra. Em português, todas as palavras possuem acento, sendo possível distinguir duas palavras com as mesmas vogais mas com acento em sílabas diferentes (por exemplo, dúvida e duvida, em que o diacrítico (´) marca o lugar do acento na palavra esdrúxula dúvida, que assim se distingue de duvida.
As unidades prosódicas contribuem para o ritmo que caracteriza cada língua. Em português, a menor unidade prosódica, que é a sílaba, tem características particulares (por exemplo, só certas sequências de duas consoantes podem pertencer à mesma sílaba: /br/ integra a segunda sílaba de pobre mas a sequência /st/ pertence a duas sílabas na palavra pasta). Pela função que têm as unidades prosódicas na caracterização e funcionamento das línguas, elas são o objecto de estudo da prosódia.»