A divisão silábica pode ser analisada sob o ponto de vista da oralidade e sob o ponto de vista da grafia.
A escrita representa a oralidade, mas não consegue representar toda a complexidade da produção oral e, por isso, está sujeita a regras simplificadoras, convencionais e, até, estéticas.
Tomemos, para exemplo, a palavra carregador. Para fazermos a sua representação fonética, teremos de usar símbolos próprios da fonética. Devido às limitações da Internet, usaremos símbolos que são um compromisso dos símbolos gráficos com os símbolos fonéticos.
Carregador será representado foneticamente [kα r(e) gα ‘dôr].
O dígrafo rr que apenas corresponde a um som vibrante e intenso está representado por r, a consoante vibrante, mas menos intensa, está representada por r, as vogais médias estão representadas por α e ô. A vogal optativa E está representada por (e), visto que os falantes a dizem: ou média, ou fechada ou, até, despercebida.
Parece-nos que será difícil explicar, a quem não estuda fonética, todos estes fenómenos. Se os alunos são de cursos elementares, devem fazer a divisão silábica apenas oralmente, porque nos parece intuitiva. Para efeitos de escrita, devem aprender as regras de translineação, com a nota de que estas são convencionais.
Eis alguns exemplos com a letra s e os sons correspondentes:
casa [‘kazα]
cessar [s(e)’sar]
sisa [‘sizα]
Não dispondo a Internet de símbolos fonéticos, limitamo-nos a estes exemplos, mas a questão é bastante mais complexa.
Sobre este assunto, aconselhamos a consulta da Nova Gramática do Português Contemporâneo de Celso Cunha e Lindley Cintra, ed. João Sá da Costa, Lisboa.