Logo na sua apresentação oficial, em Lisboa, como novo treinador do Benfica, o holandês Ronald Koeman1 deu nas vistas ao expressar-se num castelhano impecável. Na pronúncia como na fluência do vocabulário da língua de Cervantes. "Hablaba" a sua vivência de mais de dez anos em Espanha, como jogador do Barcelona. Melhor: "hablaba" o que em Espanha é uma obrigação natural para qualquer estrangeiro, trabalhe ele no ramo em que trabalhar. E nada tem que ver com a propalada inépcia dos espanhóis nas outras línguas. É, antes, uma afirmação de orgulho pelo seu próprio idioma nacional. A começar pelos meios de comunicação social: Koeman, enquanto jogou em Espanha, ou se acaso passasse a ser o treinador de um qualquer clube espanhol2, não falasse ele na língua oficial de Espanha, seguramente que nenhuma televisão ou estação de rádio lhe transmitiria a conferência de imprensa. Ainda por cima em dire(c)to e à hora nobre dos noticiários da noite.
1 Koeman [Koe, «vaca» + man, «homem», em holandês] pronuncia–se "Kúmane" (com o som u, tal como nós chamamos ao rabo ou traseiro...); e não "Kóman", nem "Kóiman" ou "Kôiman", como indistintamente se ouve no audiovisual português).
2 Carlos Queirós, Figo, Deco, Ronaldo, Roberto Carlos, Ronaldinho Gaúcho, etc. que o digam como tiveram, logo que foram para Espanha, de... falar em espanhol. Em Portugal, faz-se gala precisamente do contrário. Por estes dias, no Algarve, decorre um badaladíssimo festival de música e com músicos portugueses, brasileiros e cabo-verdianos, chamado... "Algarve Festival Summer". É a diferença.