Quando, num texto, uma gralha é particularmente danosa, costumo utilizar a frase: «isso não é uma gralha, é um corvo», jogando aqui com o duplo sentido da palavra. Admito que a use por os corvos serem aves de maior porte do que as gralhas e necrófagos, portanto, particularmente nefastos. Não sei sequer onde ouvi a expressão, ou quem a cunhou, mas costumo usá-la.
Vem isto a propósito do programa eleitoral do PS para a legislatura 2011-1015 que visitei recentemente, tentando perceber o alcance das medidas para a Administração Pública, por comparação com as medidas para as empresas públicas. E dou de caras com esta frase:
«O Governo desenvolverá, como uma das suas prioridades, um processo de restruturação do sector público empresarial. O programa de privatizações previsto no Programa de Estabilidade e Crescimento será também implementado. E proceder-se-á a uma significativa racionalização dos encargos com as administrações das empresas púbicas.»
Estranho, desde logo, a restruturação, variante pouco utilizada de reestruturação, procurando acreditar que o seu uso tenha sido deliberado, e registo a tal gralha, das que chamo corvos, por ser particularmente nociva, das empresas púbicas. É claro que aqui chegados me ocorrem várias ideias, porém, o Ciberdúvidas é um espaço sobre língua portuguesa…