Agradecemos as suas observações, mas mantemos a resposta como está. Não nos parece que haja confusão de planos na análise proposta: o que acontece é que aos conceitos sintáticos está também associada informação semântica. Quando, na perspetiva de Mateus et al. 2003, se fala em seleção, quer-se com isso dizer que os itens lexicais que são núcleos de constituintes têm propriedades semânticas que definem compatibilidades com outros itens em outros núcleos. A análise que o consulente propõe assume outra perspetiva teórica e parece usar o termo modificador de forma diferente da que é típica no Dicionário Terminológico, pelo menos, pelo facto de considerar que o predicativo do sujeito tem associado um predicador que modifica o próprio predicador. Talvez esta análise se aproxime da que E. Bechara (Moderna Gramática Portuguesa, 2002, pág. 429) propõe, quando descreve a possibilidade de o predicativo do complemento direto ser introduzido por uma preposição ou equivalente.
Quanto à fundamentação sintática apresentada, penso que ninguém nega o que afirma o consulente — pode realmente haver gramáticas que não sublinhem a relação entre a dimensão semântica e a sintática —, mas a sua proposta de análise terá o seu lugar num quadro teórico que aguarda certamente a sua oportunidade para ser exposto com mais demora — não aqui nas páginas do Ciberdúvidas, mas certamente como artigo publicado noutro contexto que não o nosso, que tem intuitos de divulgação. Penso também que o que diz, não sendo exatamente igual ao que se pressupõe em Mateus et al. 2003, é muito semelhante, porque um predicativo do sujeito, na perspetiva dessas autoras, é o predicado de uma oração pequena que posteriormente se realiza como predicativo do complemento direto.