A língua por um fio
Certamente que muita gente antes de mim já deve ter feito eco, neste espaço Ciberdúvidas, das mais inverosímeis barbaridades que presentemente se verificam contra a Língua Portuguesa, nos textos que acompanham muitos bens de consumo de origem asiática (vulgo «lojas dos chineses»).
Como português que frequentou o ensino do Estado Novo, fico revoltado pela passividade das autoridades (?) em permitirem que o público esteja em contacto com tantos escritos aberrantes e absolutamente impossíveis de compreender, tais são as infracções verificadas.
Será que não há ninguém, em Portugal, que tenha mão neste crime?
Miguel Torga, no seu Diário (25 de Novembro de 1979), reconhece desalentado: «... chego à triste conclusão: de tudo o que fomos, restam-nos apenas a paisagem e a língua.»
Se ele cá voltasse, vinte e nove anos depois deste escrito, diria apavorado, como nós, que até a paisagem e a língua estão por um fio.
Para que conste, aqui deixamos o nosso vivo protesto.
