Agradecemos as suas críticas. Permita-nos, porém, fazer um reparo sobre a sua afirmação de o Ciberdúvidas não se destinar «primordialmente aos Portugueses». Na verdade, o serviço que prestamos é dirigido primordialmente a todos os falantes de português, incluindo os portugueses, pelo que não vemos razão para se ficar com o orgulho ferido. Por factos e circunstâncias históricas, o português saiu da Europa, espalhou-se por quatro continentes e é hoje, numérica e culturalmente uma das grandes línguas do mundo.
Se o que diz traz implícita a ideia de que a língua portuguesa é propriedade exclusiva dos cidadãos portugueses porque foi em Portugal que a língua surgiu, então só podemos discordar. Para já, a origem da língua não é só portuguesa, é também galega. Depois, há mais falantes de português fora da Europa do que em Portugal. Significa este argumento que o português europeu é uma variedade de segundo plano em relação, por exemplo, ao português do Brasil? A resposta é claramente não, porque o património e a vida cultural em português europeu continuam a ter dinamismo e projecção. E quem fala desta variedade, terá de falar das variedades de português que estão a elaborar a sua própria norma noutros países, como em Angola e Moçambique.
Em relação à dupla ortografia, esclareça-se que os parênteses curvos indicam as letras que só se usam na ortografia do português europeu (também seguida nos países africanos) e os parênteses rectos, as letras só existentes na ortografia do Brasil. Compreendemos que as observações feitas, mas o critério até agora adoptado dá a possibilidade de manter um espírito de abertura ao português que se escreve na actualidade e um sentido de comunidade linguística.
Finalmente, vamos ponderar a sugestão de substituir no formulário a palavra "cidade" por "localidade". Mas gostaríamos sobretudo de frisar que vivemos num espaço linguístico constituído por aldeias, vilas e cidades e sabemos que todas elas dão todas o seu contributo para a vitalidade da língua que nos é comum.