A unificação ortográfica dos países de língua portuguesa, que vem sendo protelada desde a assinatura do acordo, em 1991, "pode nunca entrar em vigor". É o que admitiu o presidente da Comissão de Definição da Política de Ensino, Aprendizagem, Pesquisa e Promoção da Língua Portuguesa (Colip), Godofredo de Oliveira Neto.
"Não faz sentido começar um acordo de unificação já desunidos", disse ele, sobre o fato de que apenas três dos oito países da Comissão de Países de Língua Portuguesa (CPLP) ratificaram o documento.
Oliveira Neto reuniu-se com representantes dos ministérios da Educação (MEC), Relações Exteriores, lingüistas e gramáticos das principais universidades do País, no Palácio Gustavo Capanema, no Rio.
Para o secretário de Educação Superior do MEC, Ronaldo Motta, que participou da reunião, a adesão de Portugal e Angola, que ainda não ocorreu, é estratégica para a unificação ortográfica. "Favoreceria o intercâmbio cultural, educacional, didático e até econômico do Brasil com os países de língua portuguesa", afirmou.
De acordo com Motta, o MEC retomou as discussões para implementação do acordo como parte da política externa do governo Lula, de aumentar a área de atuação do Brasil no continente africano. "Não pode mais acontecer de doarmos livros didáticos para Angola e eles serem queimados porque a ortografia é diferente", disse ele.
in Courrier Internacional (edição portuguesa), de 26 de Setembro de 2007