Compreendo o ponto de vista expresso por José Mário Costa sobre a abreviatura NATO, mas gostaria de discordar. A língua vive e renova-se a partir da experiência e a lógica nem sempre é suficiente para explicar a consagração de certas opções. Ora, NATO é um termo com vasta história na nossa língua, história criada tanto por partidários como por opositores da organização. Outro exemplo: EFTA, que designa a Associação Europeia de Comércio = Livre. Será que JMC também quer impor AECL? E, já assim, não há sugestões "portuguesas" para CIA? E KGB?
Não vejo que seja fácil terçar armas para tentar mudar uma sigla que é conhecida como NATO; por enquanto, o único resultado palpá1vel da acção dos que querem "aportuguesar" a sigla é uma constante oscilação entre NATO e OTAN em muitas publicações.
Dito isto, se levarem a melhor, adaptar-me-ei, não tenho outro remédio, pois essa é a sina de quem tem de escrever para ser compreendido.
Quanto à comparação com os espanhóis, sejamos realistas: em Espanha existe uma longa tradição de casticismo linguístico (que muito admiro, aliás), mas talvez fosse interessante lembrar que ela é promovida há muitas gerações por uma Real Academia de grande dinamismo (cada nova edição do dicionário da dita é um campeão de vendas) e que a cultura hispânica tem uma presença no mundo de hoje comparável com anglofonia, isto é, bastante mais importante do que a nossa.
Não vejam nisto, caros amigos do Ciberdúvidas, uma postura derrotista. A minha intenção é apenas ater-me a um certo realismo.
Quanto à NATO ou OTAN, embora não concorde com JMC, desejo-lhe boa sorte. Como sabem, no essencial, estou sempre convosco.
confrontar a réplica de José Mário Costa, Pró-OTAN