Em presença de várias opiniões sobre o emprego da vírgula, pergunta em quem deve acreditar. É claro que isso não é connosco.
É certo que algumas gramáticas, mas nem todas, ensinam que a vírgula serve para indicar uma pequena pausa. Não! O que acontece é a pausa coincidir, muitas vezes, com a vírgula.
Eis algumas provas - só algumas - de que a vírgula não indica uma pequena pausa . Algumas frases:
1) «O palerma do José / não sabe o que diz nem o que faz.»
Calha fazer uma pausa, e não pequena, em José. Como é sabido, seria um erro dos maiores pôr vírgula em José.
2) «É que ele, / o meu querido filho, / é muito melhor do que tu julgas.»
Normalmente, o falante faz uma pausa grande em ele e em filho para evidenciar o valor do seu filho. No entanto, ensina-se que a vírgula indica uma pequena pausa.
3) «Notemos, porém, que, / passados vinte anos, / ou seja, em 1985, / quando da sua morte, / já a sua fama tinha ultrapassado as fronteiras.»
É certo que podíamos suprimir uma ou outra vírgula, mas não estavam mal postas.
Experimente-se ler fazendo pausa, sempre, onde está a vírgula. Depois leia-se fazendo pausa apenas onde estão as barras. Procure-se sentir a beleza da linguagem, e veja-se que a melhor leitura é aquela em que se fazem as pausas apenas onde estão as barras.
Outra frase para finalizar:
4) «O Pedro é, sem dúvida, inconveniente / e, às vezes, até, malcriado e atrevido.»
É certo que podíamos suprimir a vírgula em até mas não está mal posta.
Leia-se fazendo pausa onde há vírgula. Depois leia-se fazendo pausa apenas em inconveniente (e até em malcriado), onde nem sequer há vírgula.
Qual a melhor leitura?
Em conclusão: a vírgula não serve para indicar uma pausa, nem grande nem pequena. Na frase 4), faríamos uma leitura horrível, fazendo pausas nas vírgulas. E teremos leitura perfeita, fazendo pausa onde nem sequer há vírgula.