Desde Platão – seja para criticar a realidade vigente, seja para fundamentar um objectivo programático –, o utopismo procura descrever a sociedade perfeita.
O maquiavelismo, pelo contrário, analisa o poder político como ele é.
A pedagogia de "O Príncipe", de Nicolau Maquiavel (1469-1527), «escapou» a quantos pretendiam que os mecanismos do poder político permanecessem na sombra.
A memória do escritor de Florença ficou associada às velhacarias da governação, que ele se limitou a sistematizar a partir da realidade em que viveu, também, como homem de Estado.
Não foi Maquiavel quem criou esta realidade. A realidade é que lhe permitiu produzir a obra que, pelas melhores e piores razões, o celebrizou.