«Uma pessoa muito viajada» é a que viajou muito. Temos aqui a voz passiva do verbo viajar com significação... activa ou passiva? Vejamos estas duas frases:
(a) O Joaquim é um homem muito viajado.
(b) O Joaquim viajou muito.
Estas duas frases não dizem precisamente o mesmo.
A frase (b) diz-nos apenas que o Joaquim viajou muito. Se há muitos anos é marinheiro, de certeza que andou por muitos mares e desembarcou em muitos portos. Se for um empresário e comerciante mundial, de certeza que já esteve em muitos países. Estas duas frases chamam-nos a atenção para o contínuo movimento do Joaquim. É o que nos diz o verbo viajar.
Na frase (a), temos um Joaquim diferente. Tem viajado impelido pelo desejo de conhecer o mundo do ponto de vista cultural. Antes de encetar a viagem, lê, e até estuda, para se informar dos sítios que vai visitar. Durante a viagem, compra livros e consulta-os sempre que pode. Tira apontamentos, assiste a espectáculos populares, etc., etc. Deste, dizemos que é uma pessoa muito viajada. E porquê? Pelo seguinte: quando dizemos que é viajado, visualizamo-lo activo, porque se move duma região para outra à procura de novidades. Mas, por outro lado, visualizamo-lo passivo, porque sabemos que ele recebe muitos conhecimentos naquelas viagens de carácter cultural em que visita os locais que lhe interessam.
É semelhante a explicação para as frases «O Pedro lê muito» e «O Pedro é muito lido».