Faço o comentário com todo o gosto, referindo desde já que o meu entendimento é diferente do seu.
O Dicionário Aurélio Século XXI (e não só) regista, efectivamente os vocábulos fêmeo, masculino de fêmea, e macha, feminino de macho. No entanto, os substantivos epicenos fazem a distinção entre masculino e feminino, usando os termos fêmea e macho (a fêmea do tatu ou o tatu fêmea; o macho da cobra ou a cobra macho). É desta forma que aparece como norma em qualquer gramática. Neste contexto, moderna e actualmente, macho e fêmea não flexionam em género, sendo usados como adjectivos classificando substantivos dos dois géneros. Apenas nos autores clássicos se encontram as variações macha e fêmeo.
Obrigada pelo apreço que manifesta em relação a Ciberdúvidas.
N. E. (09/04/2022) – É possível empregar macha e fêmeo com nomes epicenos, conforme se observa, por exemplo, no Dicionário Houaiss (2001), em anotações às respetivas entradas. Sobre macho, observa-se que estas são classificáveis como adjetivos que «[..] aceitam as flexões habituais da língua: javali macho, jacaré macho: toutinegra macha, formiga macha». Quanto a fêmea, o mesmo dicionário consigna a forma adjetival fêmeo, que [...] aceita as flexões habituais da língua: javali fêmeo, jacaré fêmeo, tatu fêmeo: toutinegra fêmea, formiga fêmea». Na observação referente a macho, acrescenta-se que «por ser masculino na significação, o feminino (macha) do adjetivo é menos usado do que o substantivo macho, para formar femininos compostos; tal emprego exige, porém, o uso de hífen, por passar a se tratar de palavra composta por dois substantivos: toutinegra-macho, formiga-macho; esse substantivo, colocado após outro substantivo denominador de um ser sexuado é um determinante específico invariável em gênero, mas não em número, e indica que o ser é do sexo masculino (a cobra-macho, as aranhas-machos) ou um ser viril (um cabra-macho) ou um ser masculinizado (mulher-macho) [...].»