O /r/ de Carla e de perna é, sem dúvida, prezado consulente, diferente, porque menos “vibrante”, do /R/ de carro e de corrida. Em perna e Carla, o -r-, constituindo embora a coda da sílaba, ou seja, a sua consoante final, não se pronuncia, tanto quanto sei, como o -r de andar – igualmente em posição de coda, nem como o -r- de caro, este em posição de ataque, ou seja, a iniciar a sílaba.
Se fizermos uma leitura silabada, talvez obtenhamos um som próximo: Car-la. Lido assim, com pausa, provavelmente o som do -r de Carla é semelhante ao de andar. Agora se lermos a palavra como um todo, o som aproxima-se muito mais do /R/ de corrida do que do -r de andar.
Porque não sou especialista em fonética, foi esta a ideia que esteve subjacente ao que escrevi e que me pareceu eficaz no contexto em que dei a resposta.
Relativamente à segunda parte da sua questão, devo dizer-lhe que a missão do Ciberdúvidas é tirar dúvidas aos consulentes, se for possível, ou reflectir com eles sobre situações potencialmente polémicas.
A missão do Ciberdúvidas não é prestar contas a consulentes/leitores, porventura mais desatentos, sobre a razão por que se deu determinada resposta a uma pergunta específica.
Isso não quer dizer que eu, enquanto consultora, tenha a última palavra, ou esteja sempre certa. Basta percorrer as respostas que tenho dado, para ver que já pedi muitas vezes desculpas pelos meus lapsos. Agora, desculpar-me-á, mas não presto contas sobre respostas dadas, em contextos perfeitamente compreensíveis, se lidos com alguma atenção.
Uma palavra final acerca da forma, pouco correcta, como se refere ao consulente que solicitou a resposta que dei. Quem cada consulente é, não é decisivo para a resposta que se dá. O problema que ele coloca, esse, sim, é importante. E eu respondi ao problema que me foi colocado. Da mesma forma que respondo à parte da sua mensagem que explicita um problema de língua portuguesa.