O texto argumentativo desenvolve «um raciocínio com o fim de defender ou repudiar uma tese ou ponto de vista, para convencer um oponente, um interlocutor circunstancial ou a nós próprios» (Carlos Ceia, E-Dicionário de Termos Literários).
Os atos diretivos têm como finalidade principal «levar o interlocutor a agir de acordo com o conteúdo proposicional do ato de fala (ordens, pedidos, convites, sugestões, etc.)» (Dicionário Terminológico, DOMÍNIO C: ANÁLISE DO DISCURSO, RETÓRICA, PRAGMÁTICA E LINGUÍSTICA TEXTUAL).
Deste modo, e tendo em conta as definições sugeridas, creio que facilmente se entenderá que será de esperar a existência de uma possível estreita relação entre textos argumentativos e atos ilocutórios diretivos, diretos ou indiretos.
Leia-se, apenas a título de exemplo, estes excertos retirados do Sermão de Santo António aos Peixes, de Padre António Vieira:
«Considerai, Pregadores vivos, como morreram os outros que se pegaram àquele peixe grande [...].»
«Dizei-me, Voadores, não vos fez Deus para peixes? [...] Contentai-vos com o mar, e com nadar, e não queirais voar, pois sois peixes. [...] Olhai para as vossas espinhas, e para as vossas escamas, e conhecereis que não sois ave [...].»
«À vista deste exemplo, Peixes, tomai todos na memória esta sentença [...]. Ouvi o caso raro de um voador da terra [...]. Não quero que repareis no castigo, senão no género dele.»
«Louvai, Peixes, a Deus, os grandes, e os pequenos [...]. Louvai a Deus, porque vos criou em tanto número. Louvai a Deus que vos distinguiu em tantas espécies: louvai a Deus, que vos vestiu de tanta variedade, e formosura [...].»