A pergunta que é feita por estudantes de uma escola do Porto diz respeito ao código escrito: isto é, quando é que o fonema se (por razões técnicas, não empregamos a transcrição mais adequada) se deve escrever c (cê) ou ss (s duplo ou dois s-s). É evidente que este assunto devia ser integrado numa problemática muito geral, em que se considerassem também o ç (c cedilha) e, ainda, o s (simples), e mesmo os grupos cç, pc, pç e pt. Procuraremos dar a resposta pretendida, até porque, se procurássemos a elucidação de todo o problema, seríamos levados a um desenvolvimento incomportável com a natureza do Ciberdúvidas. No entanto, proporcionaremos as indicações bibliográficas para um maior esclarecimento do assunto.
Num primeiro ponto que diremos prévio, temos de reconhecer que a grafia c (com o valor acima referido) só é possível antes das vogais e e i; por seu turno, a grafia ss pode anteceder todas as vogais e ditongos. Segundo ponto: registaremos também que o emprego das grafias referidas depende da etimologia das palavras.
Na ortografia portuguesa, o c inicial de palavra é possível, mas não a grafia ss; no entanto, para o mesmo fonema em posição inicial, poderá ser empregada a grafia s (isto é, o s simples): por exemplo, Sintra (nome de lugar) e Cintra (nome de família, embora, antigamente, também grafia para o lugar). Muitos outros exemplos, de homófonos, com grafia diferente, podem ser citados: cede e sede, ceio e seio, cela e sela, etc.
No interior, e sobretudo na sílaba final (referimo-nos a casos como concelho e conselho, e principalmente às terminadas pelo ditongo nasal -ão e respectivos plurais) das palavras, tudo depende, na verdade, como também nos casos atrás citados, da etimologia, com a sua correspondência em língua portuguesa. Vamos por partes: 1) palavras (com um étimo latino com quase sempre -ti- como origem para o ç) como pança, pançudo, terraço, troça, tropeçar, etc.; 2) vocábulos como sossego, necessário, missiva, etc., também se explicam pelas etimologias; 3) casos como acento e assento, acidrar e assidrar, acistia e assistia, amaçador e amassador, empoçar e empossar, maça e massa, maçudo e massudo, terço e terso, etc., são bem pertinentes no que respeitam a hesitações ortográficas por parte de pessoas que não se preocupam com o código escrito: convenhamos que o emprego dessas formas apenas exige o mínimo de sensibilidade em relação aos seus significados, com a necessária consulta aos dicionários e aos prontuários disponíveis, se e quando houver dificuldades.