Reconhecemos esse termo como forma do verbo silvar («1 produzir som agudo e prolongado, assoprando, com a boca ou com instrumento; 2 soprar, produzindo som agudo; sibilar, assobiar; 3 aspirar, produzindo silvo ou som semelhante; 4 proferir, soltar à maneira de silvo ou assobio; emitir, lançar») na 2.ª pessoa do singular no presente do subjuntivo/conjuntivo (ex.: «Desagrada-me que me silves ao ouvido») e no imperativo negativo (ex.: «Não me silves ao ouvido»).
Ainda o encontramos como topónimo, na designação da cidade e do município algarvios de Silves, pelo menos. José Pedro Machado, no seu Dicionário Onomástico da Língua Portuguesa, diz que «a forma antiga deste topónimo era Silve, corrente no séc. XIII». E acrescenta: «Como se verifica, Silve viveu até tarde, ainda se atesta nos meados do séc. XV, ao passo que Silves, de meu conhecimento, documenta-se isoladamente em 1395 e generaliza-se, como julgo dever acreditar, precisamente a partir dos meados do séc. XV (…). Porquê isto? Aquela forma Silve corresponde à mencionada pelos autores de língua arábica: xilb (…). Daqui se depreende que a forma meridional era Silve, como se viu, a usada nos documentos dos dois séculos que se seguiram à conquista do Algarve (1249). Como julgo, ela deve-se ao latim ‘silva’, com manutenção do timbre do -i- tónico e perda do -a final, esta menos frequente do que a do -o, mas foi verificada e registada por M. Sanchis Guarner (El Mozárabe Peninsular, em E.L.H., I, pp. 309-310). A forma Silve (e o árabe xilb) seria a então usada no Algarve e, como tal, a ouvida e inicialmente usada pelos conquistadores idos do Norte.» Mais adiante ainda diz: «E a presença da denominação justifica-se. Aos autores arábicos não passou despercebida a vegetação do local; se mencionam as “hortas e quintas” (…) dos seus arredores, também não esqueceram que “os montes próximos produzem quantidade considerável de madeira que se exporta para longe” (…).»