Não se pode falar de procedimento rígido no que respeita a vírgulas e complementos circunstanciais – em particular em relação ao advérbio respectivamente.
Em geral, quando o complemento vem na ordem directa (sujeito – predicado – complementos), a vírgula pode ser omitida:
«Os medalhados com prata ou bronze receberão cerca de 160 e 84 contos respectivamente.» (in Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, da Academia de Ciências de Lisboa)
Se o complemento vem na ordem inversa, fica destacado por vírgula(s):
«Nas Assembleias Legislativas Regionais dos Açores e da Madeira, respectivamente, a participação das mulheres corresponde a 12,2% e a 5,9% da totalidade dos Deputados.» (Ibidem)
Mas, mesmo na ordem directa, é comum vermos o advérbio respectivamente entre vírgulas, por uma questão de clareza, sobretudo em frases longas, até porque surge frequentemente junto a pormenores técnicos, enumerações, etc.:
«Como estes, há outros exemplos: adição, refeição, atenção e refracção, selecção, contracção, respectivamente.» (in Ciberdúvidas)
Já não haverá necessidade de vírgula se o sentido do advérbio se ligar directamente às palavras que o antecedem ou que o seguem:
«Se assumir um valor impessoal, estando co-indexado com o argumento externo do verbo, as frases serão respectivamente parafraseadas como: (…)» (Idem)
O mesmo acontece se a palavra for sinónima de «reciprocamente», «um ao outro», em que a vírgula pode ser inaceitável:
«É necessário que marido e mulher se aceitem respectivamente.» (in DLPC)
Factores como expressividade ou ritmo da frase são também determinantes para a escolha feita.
Trata-se, pois, de uma questão que implica grande subjectividade e onde só a perícia de quem escreve tem a última palavra.